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ANDRADE, Carlos Drummond - A Rosa do Povo.pdf - Colégio Dom ...

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demandan<strong>do</strong> corpos<br />

que em gás se perdiam,<br />

e assim desprovidas<br />

mais esvoaçavam,<br />

tornan<strong>do</strong>-se roxo,<br />

azul de longa espera,<br />

negro de mar negro.<br />

Ainda se dispersam.<br />

Em calma, longo tempo,<br />

nenhum tempo, não me lembra.<br />

Vi o coração de moca<br />

esqueci<strong>do</strong> numa jaula.<br />

Excremento de leão,<br />

apenas. E o circo distante.<br />

Vi os tempos defendi<strong>do</strong>s.<br />

Eram de ontem e de sempre,<br />

e em cada pais havia<br />

um muro de pedra e espanto,<br />

e nesse muro pousada<br />

um pomba cega.<br />

Como pois interpretar<br />

o que os heróis não contam?<br />

Como vencer o oceano<br />

se é livre a navegação<br />

mas proibi<strong>do</strong> fazer barcos?<br />

Fazer muros, fazer versos,<br />

cunhar moedas de chuva,<br />

inspecionar os faróis<br />

para evitar que se acendam,<br />

e devolver os cadáveres<br />

ao mar, se acaso protestam,<br />

eu vi; já não quero ver.

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