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ANDRADE, Carlos Drummond - A Rosa do Povo.pdf - Colégio Dom ...

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E pergunto teu segre<strong>do</strong>.<br />

Não respondes. Não o tinhas.<br />

Realmente não o tinhas, me enganavas?<br />

Então aquele maravilhoso poder de abrir garrafas sem<br />

[saca-rolha,<br />

de desatar nós, atravessar rios a cavalo, assistir, sem chorar,<br />

[morte de filho,<br />

expulsar assombrações apenas com teu passo duro,<br />

o ga<strong>do</strong> que sumia e voltava, embora a peste varresse as<br />

[fazendas,<br />

o <strong>do</strong>mínio total sobre irmãos, tios, primos, camaradas»<br />

[caixeiros,<br />

[fiscais <strong>do</strong> governo, beatas, padres, médicos,<br />

[mendigos, loucos mansos, loucos agita<strong>do</strong>s,<br />

[animais, coisas:<br />

então não era segre<strong>do</strong>?<br />

E tu que me dizes tanto<br />

disso não me contas nada.<br />

Per<strong>do</strong>a a longa conversa.<br />

Palavras tão poucas, antes!<br />

É certo que intimidavas.<br />

Guardavas talvez o amor<br />

em tripla cerca de espinhos.<br />

Já não precisas guardá-lo.<br />

No escuro em que fazes anos,<br />

no escuro,<br />

é permiti<strong>do</strong> sorrir.

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