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ANDRADE, Carlos Drummond - A Rosa do Povo.pdf - Colégio Dom ...

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Não há mais livros para ler nem teatros funcionan<strong>do</strong> nem<br />

[trabalho nas fábricas,<br />

to<strong>do</strong>s morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços<br />

[negros de parede,<br />

mas a vida em ti e prodigiosa e pulula como insetos ao sol,<br />

6 minha louca Stalingra<strong>do</strong>!<br />

A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços<br />

[sangrentos,<br />

apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,<br />

caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e<br />

[relógios parti<strong>do</strong>s,<br />

sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingra<strong>do</strong>,<br />

[senão isto?<br />

Uma criatura que não quer morrer e combate,<br />

contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,<br />

contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura<br />

[combate,<br />

contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura<br />

[combate,<br />

e vence.<br />

As cidades podem vencer, Stalingra<strong>do</strong>!<br />

Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma<br />

[fumaça subin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Volga<br />

Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão<br />

[contra tu<strong>do</strong><br />

Em teu chão calcina<strong>do</strong> onde apodrecem cadáveres,<br />

a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.

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