17.04.2013 Views

fernando pessoa, poeta onto-cósmico - Agulha Revista de Cultura

fernando pessoa, poeta onto-cósmico - Agulha Revista de Cultura

fernando pessoa, poeta onto-cósmico - Agulha Revista de Cultura

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

.......................................<br />

“Que trono te querem dar<br />

Que Átropos to não tire?”<br />

Fernando Pessoa - Poeta Onto-<strong>cósmico</strong><br />

........................................ (FPOP, p. 192)<br />

“Ao encontro fatal<br />

Do barco escuro no soturno rio,<br />

E os nove braços do horror estígio,<br />

Estígio – referente a Estige.<br />

E o regaço insaciável<br />

Da pátria <strong>de</strong> Plutão.” (FPOP, p. 192)<br />

Estige, “o soturno rio” que ro<strong>de</strong>ia sete vezes os Infernos (reino dos mortos). Esse<br />

rio liga o reino dos vivos recém-mortos ao reino dos mortos. Para atravessá-lo, o meio <strong>de</strong><br />

transporte é o “barco escuro” do arrais Caronte.<br />

Plutão – rei dos Infernos, <strong>de</strong>us dos mortos.<br />

O trecho todo, portanto, remete à idéia <strong>de</strong> morte. Tudo <strong>de</strong> uma maneira bem velada.<br />

.....................................<br />

“Corta à flor como a ele<br />

De Átropos a tesoura.”<br />

.................................... (FPOP, p. 192)<br />

...................................................<br />

“Que me fará o mar que na atra praia<br />

Ecoa <strong>de</strong> Saturno?” (FPOP, p. 198)<br />

O estilo <strong>de</strong> Reis, calcado freqüentemente na or<strong>de</strong>m inversa, nos revela<br />

inci<strong>de</strong>ntalmente a sua preocupação <strong>de</strong> não abordar diretamente os temas molestos, tais como a morte.<br />

Para melhor enten<strong>de</strong>rmos o seu pensamento, passemos o trecho para uma or<strong>de</strong>m mais direta:<br />

Que me fará o mar que ecoa na praia atra <strong>de</strong> Saturno?<br />

Agora, tendo em consi<strong>de</strong>ração que Saturno (ou Cronos, para os gregos) é o pai <strong>de</strong><br />

Plutão e que ele prometera a Titã <strong>de</strong>vorar seus filhos assim que nascessem, po<strong>de</strong>mos interpretar o<br />

trecho, fazendo <strong>de</strong>le a seguinte paráfrase aproximativa:<br />

mortos?<br />

O que acontecerá comigo quando eu chegar à escura praia do pai do <strong>de</strong>us dos<br />

Ou:<br />

24

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!