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fernando pessoa, poeta onto-cósmico - Agulha Revista de Cultura

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Fernando Pessoa - Poeta Onto-<strong>cósmico</strong><br />

UMA VIDA EM HOLOCAUSTO À VIDA<br />

Parece-nos que Fernando Pessoa se realizou em alguns - poucos - aspectos<br />

vivenciais fundamentais, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado - num exercício livre e <strong>de</strong>liberado <strong>de</strong> consciência - um<br />

<strong>de</strong>les: o entregar-se à vida, na investigação consciente do viver, para, racionalmente, chegar à Vida,<br />

impediu-o <strong>de</strong> viver<br />

“Não c<strong>onto</strong> gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la gran<strong>de</strong>,<br />

ainda que para isso tenha <strong>de</strong> ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha <strong>de</strong>sse fogo. Só quero torná-la<br />

<strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>; ainda que para isso tenha <strong>de</strong> a per<strong>de</strong>r como minha.”<br />

(De uma nota publicada pela primeira vez na primeira edição da FPOP - p. 1.)<br />

e também <strong>de</strong> Viver, como veremos no <strong>de</strong>vido tempo. Viveu para o, e pelo saber: “esqueceu-lhe” o<br />

conhecer. Talvez (Talvez? - Certamente) por isso, tenha sido tão <strong>de</strong>sgraçado; por isso, tenha sido<br />

tão <strong>poeta</strong>...<br />

Sabia-se, sentia-se, portador <strong>de</strong> uma grave responsabilida<strong>de</strong>, sabia ter recebido <strong>de</strong><br />

Deus uma missão terrível e gloriosa: a <strong>de</strong> exercer uma ação em prol da humanida<strong>de</strong>, usando para isso<br />

o gênio com que fora dotado, e tudo fez para dar cabal cumprimento ao divino mandato. Não podia<br />

contentar-se com uma arte que fosse mera arte, mero ornamento, mera fonte <strong>de</strong> prazer estético: sua<br />

obra havia <strong>de</strong> voltar-se - e voltou-se - para a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>slindamento do sentido da vida e do<br />

universo, não só porque tal mister se reveste, em si mesmo, <strong>de</strong> grandiosa beleza, mas também e<br />

principalmente porque isso iria - po<strong>de</strong>ria - contribuir <strong>de</strong> alguma maneira para o <strong>de</strong>spertar mais<br />

vívido da consciência do homem.<br />

Armando Cortes-Rodrigues:<br />

Leiamos um trecho <strong>de</strong> uma carta, datada <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1915, que enviou a<br />

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