fernando pessoa, poeta onto-cósmico - Agulha Revista de Cultura
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Fernando Pessoa - Poeta Onto-<strong>cósmico</strong><br />
quadro pintado, quer sejam produto do sonho, do <strong>de</strong>vaneio) se misturam num coquetel <strong>de</strong> sensações<br />
que se amalgamam e se suce<strong>de</strong>m rápida e fugazmente em sua consciência.<br />
O poema todo, pelo tom, pela estruturação, pela expressão a um tempo entrecortada<br />
e fluida, pelos intercalamentos <strong>de</strong> consciência, pelas dimensões que se superpõem, pela confusão<br />
entre o que é real e o que não é, pela indistinção que recai sobre tudo, mergulhando o quadro todo<br />
numa atmosfera <strong>de</strong> promíscuas sensações; o poema, por tudo isso, foi todo ele elaborado aten<strong>de</strong>ndo<br />
aos ditames do interseccionismo.<br />
É isso aí. O interseccionismo é muito mais para ser sentido do que para ser<br />
entendido. Apenas para reforçar um pouco mais o que nem Fernando Pessoa pô<strong>de</strong> cabalmente<br />
explicar em nível verbal, po<strong>de</strong>ríamos dizer que o interseccionismo consiste, grosso modo, na técnica<br />
<strong>de</strong> apresentar dinamicamente a consciência no seu fluir <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong> pensar, <strong>de</strong> pensar-sentir, <strong>de</strong><br />
sentir-pensar, <strong>de</strong> sonhar, <strong>de</strong> cismar, <strong>de</strong> imaginar, <strong>de</strong> ...., numa trama complexamente tecida <strong>de</strong><br />
diversas, díspares ressonâncias conscienciais originadas em diferentes coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> espaço-tempo,<br />
numa progressão ad infinitum <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s estético-poéticas:<br />
insaciável <strong>de</strong>sejo o incita a:<br />
.<br />
- O que é aqui ......<br />
- O que parece ser ali .....<br />
- O que foi lá ......<br />
- O que não era ali ......<br />
..........................<br />
- O que po<strong>de</strong>ria ser aqui .....<br />
- O que não po<strong>de</strong>ria ser além ....<br />
- O que po<strong>de</strong>ria ter sido ali .....<br />
......................................<br />
.<br />
.<br />
E é muito por isso que ele, se i<strong>de</strong>ntificando com Walt Whitman, diz que seu<br />
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