14 FRUTAS FRESCAS NICEBERRY FRUTAS FINAS Empresas apostam na produção e comercialização de frutas finas e delicadas como mirtilo e physalis, exigentes em cultivo, colheita e transporte, cujo alto valor agregado é o principal diferencial. Beth Pereira Embora representem um grande potencial econômico, frutas finas como mirtilo, framboesa, cereja, amora, pitaya e physalis, têm consumo restrito por causa do alto valor agregado, em decorrência da produção limitada, do manejo da difícil colheita, da exigência em mão-de-obra, dos cuidados no transporte e armazenagem e por serem altamente perecíveis. Os preços elevados fazem com que seu consumo fique praticamente restrito às pessoas com maior poder aquisitivo. Júlio Cesar Zanardi, gerente de importação da Irmãos Benassi, concorda que a demanda por frutas finas no País ainda é bastante limitada às pessoas da classe A. “Apenas no pico da
FOTOS NICEBERRY safra, quando os preços caem, elas ficam mais acessíveis também às classes B, C e D”, observa. Ele lembra que a amora é a que apresenta maior produção e preço mais reduzido, principalmente no pico da safra. Segundo Zanardi, as frutas finas são muito sensíveis, apresentando bastante dificuldade de manuseio. Isso faz que o preço do mirtilo, por exemplo, seja muito alto, tornando praticamente impossível consumi-lo fresco. No geral, essa fruta é comercializada congelada, sob a forma de polpa ou utilizada no preparo de doces e geléias. Outra fruta difícil de ser comercializada fresca, na opinião de Zanardi, é a framboesa. “É muito sensível para ser comercializada fresca, exige cuidados na colheita e na pós-colheita, além de uma estrutura muito boa de armazenagem e refrigeração”, explica. Já a pitaya, embora seja uma fruta nova no mercado, tem tido o consumo aumentado aos poucos, mas os preços ainda estão elevados. “Se aumentar a produção, a tendência é o preço cair e o consumo ampliar”, analisa. Enquanto isso, para a physalis, a demanda é reprimida, por ser uma fruta pouco divulgada e pouco conhecida. “A venda é quase irrisória. O consumo tem aumentado, porém de forma insignificante.” EXCLUSIVO A empresa Irmãos Benassi é distribuidora de frutas finas para o Brasil da italiana Italbras, com sede em Vacaria/RS. São Paulo responde pelo maior consumo dessas frutas, por uma questão de logística. Na safra, a empresa recebe remessas de frutas diariamente. Agora, porém, com a colheita chegando ao fim, o recebimento ocorre apenas duas vezes por semana. Para Zanardi, a forma de tornar essas frutas acessíveis ao consumidor brasileiro é reduzir o valor agregado, o que ele considera difícil, por causa do alto custo de produção e da alta exigência em mão-de-obra. “Daí a preferência por congelar a fruta”, observa. “Um quilo de framboe- sa vale mais do que o quilo de filé mignon”, compara, lembrando que, atualmente, na Ceasa, o quilo chega a R$ 35,00, o mesmo vale para a physalis. Enquanto isso, o preço do quilo da amora é R$ 30,00, atualmente, e, na safra, R$ 10,00; e da pitaya, R$ 10,00. Há algumas frutas, porém, as quais o Brasil importa praticamente toda a necessidade de consumo. É o caso da cereja e da pêra, porque o clima não favorece o cultivo. Zanardi afirma que há testes em andamento, mas ainda não foram encontradas variedades que se adaptem ao nosso clima, até porque muitas delas precisam de muito frio. O Brasil produz uma ou outra variedade de pêra, mas, para atender à demanda, importa a fruta dos Estados Unidos, Chile, Espanha, Argentina, Itália e Portugal. “É uma fruta produzida e importada em escala, portanto, de preço barato”, diz Zanardi. INCENTIVO Há três anos, a Nice Berry, empresa do Grupo Hathor, está incentivando o cultivo de frutas finas no Brasil. Possui pomares de physalis, blue berry (mirtilo), framboesa e amora nos municípios catarinenses de Itá e Bom Retiro, e nas cidades argentinas de Santa Isabel e Concórdia. Segundo Débora Schäfer, responsável pela área de Marketing de empresa, os 22 hectares cultivados no País com frutas finas produzem 60 toneladas, sendo a maior produção de amora e framboesa, cuja colheita se concentra de outubro a janeiro, com exceção do physalis, que produz o ano todo, cerca de 17 toneladas. Na Argentina, onde a produção é maior, 90% da colheita é exportada para os Estados Unidos e a Europa. Débora diz que o maior mercado de frutas finas é São Paulo, mas a idéia é trabalhar o Brasil como um todo. “O consumidor brasileiro aprecia frutas e acreditamos que a divulgação das propriedades e do sabor das frutas finas vai aumentar a demanda e, ao mesmo tempo, baixar Physalis e mirtilo têm alto valor agregado e são acessíveis apenas aos consumidores de maior poder aquisitivo. 15