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Revista Frutas e derivados - Edição 05 - Ibraf

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36<br />

OPINIÃO<br />

Nos anos 80, a economia de<br />

Junqueirópolis/SP era baseada no café,<br />

cultivado em sua maioria por pequenos<br />

agricultores. Quando a cultura entrou<br />

em declínio, no final daquela década,<br />

a cidade viveu uma crise sem precedentes<br />

e assistiu à migração para os<br />

grandes centros, de cerca de 13 mil dos<br />

seus 27 mil moradores. Alguns agricultores<br />

decidiram, então, cultivar maracujá.<br />

Por causa do preço pago para a<br />

fruta, optou-se por formar uma associação,<br />

cujo grande incentivador foi um<br />

padre espanhol. Em junho de 1990,<br />

nascia a Associação Agrícola<br />

Junqueirópolis – AAJ - com quarenta e<br />

quatro associados.<br />

Quando se fala em associativismo,<br />

pensa-se que ele só funciona bem porque<br />

está ligado ao poder público. Em<br />

relação à AAJ, inicialmente, a Prefeitura<br />

Municipal cedeu um terreno e a mãode-obra<br />

para construção de um barracão.<br />

Posteriormente, houve dificuldades<br />

com a administração municipal. Mas<br />

essas dificuldades impulsionaram para o<br />

crescimento. Os sindicatos locais foram<br />

mobilizados e a Associação Comercial<br />

transformou-se numa grande parceira.<br />

A associação ganhou vida própria e se<br />

valorizou. Mais tarde, introduziu o cultivo<br />

da acerola no município. A partir<br />

de 97, a Prefeitura Municipal retomou<br />

o apoio inicial, porém, hoje, a associação<br />

tem receita e vida próprias. São 91<br />

produtores, dos quais 65 de acerola,<br />

sendo os demais de uva e café. Há 6<br />

câmaras frias, avaliadas em mais de um<br />

milhão de reais, financiadas e pagas pelos<br />

produtores. Há ainda salão para cursos<br />

e cozinha industrial onde as mulheres<br />

fazem licores, doces e geléias, que<br />

são comercializadas na feira livre da cidade<br />

e na própria sede. A associação<br />

investiu na formação técnica do produtor,<br />

necessária para a transição do plantio<br />

do café para frutas. Investiu, também,<br />

na formação humana com palestras sobre<br />

saúde, motivação, etc.<br />

O maior desafio para uma associação<br />

é a consciência da importância da<br />

soma de idéias, do capital de inteligência.<br />

Esse é um ponto chave. Outro ponto<br />

fundamental é a representatividade<br />

do grupo. Sendo representativo, passa<br />

a ser alvo de interesse dos órgãos de<br />

pesquisa. É o caso da AAJ, que tem um<br />

produto diferenciado: Junqueirópolis é<br />

a campeã da acerola em São Paulo. A<br />

fruta segue para o Japão, Estados Unidos<br />

e Europa, onde os consumidores<br />

são exigentes. A produção atende às regras<br />

do mercado internacional. A associação<br />

têm contado com o apoio do<br />

<strong>Ibraf</strong>, Sebrae, Cati e universidades, que<br />

pesquisam e indicam os melhores caminhos.<br />

A política do governo atual<br />

também colabora com linhas de crédito<br />

a juros baixos e programas como o<br />

Venda Antecipada, da Conab, que adianta<br />

o valor da transação em conta exclusiva.<br />

O projeto da AAJ, de venda de<br />

polpa - que tem maior valor agregado<br />

-, é o sexto assinado no Estado. É um<br />

projeto que cria oportunidades para os<br />

produtores associados, pois a forma de<br />

ajudar através de grupos organizados é<br />

mais barata e mais eficiente.<br />

O atual governo tem enfatizado a<br />

importância do associativismo, cuja força<br />

o País ainda desconhece. À medida<br />

que as pessoas se organizam, todos ganham<br />

porque cada um coloca o seu<br />

conhecimento, o que tem de melhor,<br />

à disposição. Em meu caso, tenho somente<br />

4 anos de escola. Para suprir as<br />

deficiências, há uma boa equipe, com<br />

qualidades e habilidades diferentes das<br />

minhas. Quem participa de uma associação<br />

deve dar o melhor de si, da sua<br />

essência, do seu tempo, da sua experiência<br />

de vida. O dinheiro não é o diferencial,<br />

mas o capital da experiência à<br />

disposição de todos. Com a grande escola<br />

de vida no associativismo, nós associados<br />

aprendemos também a acreditar<br />

mais em Deus, pois nos propusemos<br />

a mobilizar a cidade inteira e a cidade<br />

se mobilizou, graças a Ele. As grandes<br />

mudanças vêm da base e não de<br />

A falta de sucesso das cooperativas é a falta de participação dos sócios.<br />

cima. O associativismo ajudou, e muito,<br />

a cidade a se recuperar, inclusive,<br />

voltou a crescer, pois está hoje com 18<br />

mil habitantes.<br />

A falta de sucesso das cooperativas<br />

decorre da falta de participação dos<br />

sócios, que, geralmente, abandonam a<br />

equipe eleita e, então, a cooperativa<br />

acaba. Associação é comprometimento;<br />

é participação. Não tem outra forma<br />

para melhorar as condições existentes.<br />

Quando sou convidado a fazer palestras,<br />

sempre digo: viver em comunidade<br />

é difícil, viver sozinho é impossível.<br />

Até em casa há dificuldade, quando<br />

se isola. Quando o homem descobrir a<br />

importância da comunidade se organizará<br />

em todas as áreas, não somente<br />

para produção. O associativismo ganhará<br />

força à medida que o homem evoluir<br />

no sentido humano, deixar do “eu”<br />

e tiver humildade para viver junto.<br />

Osvaldo Dias<br />

Presidente da Associação Agrícola<br />

Junqueirópolis/SP

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