HISTÓRIA DA POESIA UNIVERSAL ( Breve Relato ) MONOGRAFIA ...
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Camões, apesar de ter cantado muitos amores, soube servir-se se sua<br />
indiscutível capacidade intelectual para atirar suas farpas contra tudo aquilo que<br />
julgara inútil em vida.<br />
A mesmo tempo homem de “armas” e de “ letras “, temperamento<br />
aventureiro, ousado e reflexivo, ele é o representante típico de um modelo e<br />
ideal de homem que é central para a cultura do século XVI.<br />
“ Sua vida traz em si a plenitude da experiência da condição humana :<br />
soldado, marinheiro, colonizador e estrangeiro, poeta, homem de cultura<br />
assombrosa e requintada, universal para os moldes de seu tempo, e em permanente<br />
conflito com as vicissitudes do mundo e da vida. E sua obra é, sem dúvida, o espelho<br />
fiel desta plenitude e universalidade ” 1 .<br />
Seu espírito rebelde e suas desavenças com o rei de Portugal<br />
custaram-lhe anos de exílio e terminaram por obrigá-lo a desempenhar funções<br />
longe da terra natal, a serviço da corte, em países onde não tinha a menor<br />
afinidade com a língua e costumes.<br />
Por este motivo talvez tenha produzido uma obra tão vasta e de<br />
caráter turbulento, despejado com fervor em grande parte dos seus poemas,<br />
como o que transcrevemos em seguida :<br />
_______________<br />
[ TANTA GUERRA, TANTO ENGANO . . . ]<br />
No mar tanta tormenta e tanto dano,<br />
tantas vezes a morte apercebida;<br />
Na terra tanta guerra, tanto engano,<br />
tanta necessidade aborrecida !<br />
Onde pode acolher-se um fraco humano,<br />
Onde terá segura a curta vida,<br />
que não se arme e se indigne o céu sereno<br />
contra um bicho da terra tão pequeno ?<br />
1. José Emílio de Major NETO, Poemas do Boca do Inferno, p.12<br />
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