PRIMEIRA PARTE Cultura e opulência <strong>do</strong> Brasil na lavra <strong>do</strong> açúcar. Engenho real moente e corrente TRATA-SE Do senhor <strong>do</strong> engenho <strong>do</strong> açúcar, <strong>do</strong>s feitores e outros oficiais que nele se ocupam, suas obrigações e salários. Da moenda, fábrica e oficinas <strong>do</strong> engenho e <strong>do</strong> que em cada uma delas se faz. Da planta das canas, sua condução e moagem e de como se faz purga e encaixa o açúcar no Recôncavo da Baía no Brasil para o Reino de Portugal e seus emolumentos. 4
PROÉMIO Quem chamou às oficinas em que se fabrica o açúcar engenhos acertou verdadeiramente no nome. Porque quem quer que as vê e considera com a reflexão que merecem é obriga<strong>do</strong> a confessar que são uns <strong>do</strong>s principais partos e invenções <strong>do</strong> engenho humano, o qual, como pequena porção <strong>do</strong> divino, sempre se mostra no seu mo<strong>do</strong> de obrar admirável. Dos engenhos, uns se chamam reais, outros, inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apeli<strong>do</strong> por terem todas as partes de que se compõem e todas as oficinas perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios e outros obriga<strong>do</strong>s à moenda, e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença de outros, que moem com cavalos e bois e são menos provi<strong>do</strong>s e aparelha<strong>do</strong>s, ou pelo menos com menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e com pouco número de escravos para fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente. E porque algum dia folguei de ver um <strong>do</strong>s mais afama<strong>do</strong>s que há no Recôncavo à beira-mar da Baía, a quem chamam o engenho de Sergipe <strong>do</strong> Conde, movi<strong>do</strong> de uma louvável curiosidade, procurei, no espaço de oito ou dez dias que aí estive, tomar notícia de tu<strong>do</strong> o que o fazia tão celebra<strong>do</strong> e quase rei <strong>do</strong>s engenhos reais. E valen<strong>do</strong>-me das informações que me deu quem o administrou mais de trinta anos com conhecida inteligência e com acrescentamento igual à indústria e da experiência de um famoso mestre <strong>do</strong> açúcar, que cinquenta anos se ocupou neste ofício com venturoso sucesso e <strong>do</strong>s mais oficiais de nome, aos quais miudamente perguntei o que a cada qual pertencia, me resolvi a deixar neste borrão tu<strong>do</strong> aquilo que na limitação <strong>do</strong> tempo sobredito apressadamente, mas com atenção, ajuntei e estendi com o mesmo estilo e mo<strong>do</strong> de falar claro e chão que se usa nos engenhos, para que os que não sabem o que custa a <strong>do</strong>çura <strong>do</strong> açúcar a quem o lavra o conheçam e sintam menos dar por ele o preço que vale, e quem de novo entrar na administração de algum engenho tenha estas notícias práticas dirigidas a obrar com acerto, que é o que em toda a ocupação se deve desejar e intentar. E, para maior clareza e ordem, reparti em vários capítulos tu<strong>do</strong> o que pertence a esta droga e a quem por ela e nela trabalha, começan<strong>do</strong>, depois de relatar as obrigações de cada qual, desde a primeira origem <strong>do</strong> açúcar na cana até sua cabal perfeição nas caixas, conforme o meu limita<strong>do</strong> cabedal, que pelo menos servirá para dar a outros, de melhor capacidade e pena mais ligeira e bem aparada, algum estímulo de aperfeiçoar este embrião. E se alguém quiser saber 5
- Page 1 and 2: FUNCHAL-MADEIRA EMAIL:CEHA@MADEIRA-
- Page 3: • CAPITULO IX :Das caldeiras e co
- Page 7 and 8: CAPITULO 1 LIVRO I Do cabedal que h
- Page 9 and 10: CAPITULO II Como se há-de haver o
- Page 11 and 12: quais, posto que mereçam maior res
- Page 13 and 14: consentindo risadas, nem conversaç
- Page 15 and 16: serviço como é bem; saber os temp
- Page 17 and 18: A soldada do mestre do açúcar nos
- Page 19 and 20: CAPITULO VIII Do caixeiro do engenh
- Page 21 and 22: depois de estarem casados os escrav
- Page 23 and 24: CAPÍTULO X Como se há-de haver o
- Page 25 and 26: CAPITULO XII Como se há-de haver o
- Page 27 and 28: LIVRO II CAPITULO I Da escolha da t
- Page 29 and 30: aos quais ensinou muito o tempo e a
- Page 31 and 32: CAPITULO IV Do corte da cana e sua
- Page 33 and 34: CAPITULO V Do engenho ou casa de mo
- Page 35 and 36: de dois ou três palmos, de sapupir
- Page 37 and 38: efresquem e limpem os aguilhões e
- Page 39 and 40: Cortam-se os paus no mato com macha
- Page 41 and 42: miúda, para que, levantada, chegue
- Page 43 and 44: caldo, que chamam três meladuras,
- Page 45 and 46: CAPITULO XI Do modo de cozer e bate
- Page 47 and 48: aos que assistem na casa das caldei
- Page 49 and 50: outros, juiz, enxó, verrumas, mart
- Page 51 and 52: Passados os quinze dias, daí por d
- Page 53 and 54: dentro da casa de encaixar ou em ou
- Page 55 and 56:
CAPITULO VIII De várias castas de
- Page 57 and 58:
CAPITULO IX Dos preços antigos e m
- Page 59 and 60:
CAPÍTULO XI Que custa uma caixa de
- Page 61 and 62:
Por 5600 caixas de branco macho a 7
- Page 63:
porto, não se livra das tormentas