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Memória, patrimônio e identidade - TV Brasil

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tecnologia jamais vista: seja pelo design dos instrumentos musicais ou da parafernália eletrônica,<br />

tudo agora é wireless. O que se vê é um palco gigantesco, dotado de sofisticados recursos, como<br />

telões de alta definição e iluminação por controle digital; e o que se ouve é música em alta<br />

resolução. Tudo é transmitido on line para ser comercializado em DVD, <strong>TV</strong> a cabo, telefone celular<br />

ou na própria Internet. Mais uma vez, a música serve como registro das particularidades da<br />

sociedade: agora voltada para o consumo em escala universal, transpirando tecnologia, e onde a<br />

mídia broadcasting tem lugar de destaque, com novas alternativas de comercialização e crescente<br />

segmentação.<br />

Mudando o foco de nossa abordagem e voltando há milhões de anos, um cuidadoso olhar na história<br />

do homem, ao longo de sua existência, nos revela como a música desempenhou um papel único na<br />

formação e desenvolvimento da espécie humana, cuja importância é superior à descoberta do fogo,<br />

ou da invenção da roda, ou da imprensa. Sim, estamos falando de música e, mais especificamente,<br />

de sua matéria-prima: o som. Aqui identificado na sua forma básica de ruído (som sem altura<br />

definida), e que contempla sons como urros, grunhidos, palmas, percussão em partes do corpo, entre<br />

outros. O som é o ponto de partida dos primeiros habitantes do globo terrestre rumo à formação dos<br />

primeiros agrupamentos humanos que, no curso da evolução, irão constituir a nossa civilização.<br />

Para isso, foi necessário que os nossos antepassados organizassem esses ruídos, dando-lhes<br />

significado. O desafio era complexo, pois primeiro tinham que ser capazes de produzi-los e, depois,<br />

de repeti-los. Para isso tiveram que desenvolver sua memória, para saber que som significava o quê.<br />

Esse fato em si já é um registro da memória dos hominídeos, um marco no desenvolvimento da<br />

inteligência dos nossos ancestrais e alicerce para o estabelecimento dos primeiros grupos étnicos,<br />

cada qual com sua língua e seus costumes, e que, através de inúmeros processos migratórios ao<br />

longo do tempo – nos quais a música é parte integrante das cerimônias religiosas, dos ritos de<br />

passagem e das atividades de trabalho – definem posteriormente as bases para a construção dos<br />

Estados nacionais modernos.<br />

Não poderíamos encerrar sem antes fazer uma leitura da música enquanto objeto da memória, do<br />

ponto de vista puramente da arte musical. A contribuição de músicos, compositores e arranjadores<br />

em todas as épocas e em todas as partes do mundo foi tão intensa e criativa que, além de produzir<br />

uma arte de alto valor estético através da manipulação de diferentes técnicas musicais (uso de<br />

determinadas escalas, acordes, padrões rítmicos, tipos de instrumentação e estilos), foi capaz de<br />

construir conteúdos musicais com significados, origens e tradições. E tudo isso, independente de<br />

MEMÓRIA, PATRIMÔNIO E IDENTIDADE. 35

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