Baixe o Livro - poeminflamado
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Analogia<br />
Vemo-nos espelhados quando choramos<br />
no reflexo do seu vestido de seminua<br />
(semideusa soa FORTE para a adoção<br />
do necessário sacrilégio)...<br />
FORTE é o termo. FRÁGIL é o ato em si, só.<br />
O Amor é um pimpolho num carrinho desgovernado<br />
é sobra de réstia na porta fechada<br />
ilusória e temporariamente aberta:<br />
– fecha-se os olhos e a porta some –<br />
Nem eu nem você temos a chave<br />
do enigma, perdida no labirinto<br />
das dobras dos lençóis da nossa cama.<br />
Vamos desfazer o Amor<br />
a fim de reencontrar a saída<br />
Refazer a cama e olhá-la de soslaio:<br />
Atraiçoarmo-nos. Negar a atração lúdica<br />
e ceder à tentação de olhar para trás<br />
e nos transformar em estátuas de sal.<br />
Evoco os momentos<br />
que vinham depois do clímax<br />
E do clímax, depois<br />
dos instintos saciados...<br />
Relembro que você se abandonava<br />
num estado de languidez provocante<br />
Naqueles minutos mágicos<br />
a vida inteira me parecia<br />
leve como brumas do mar<br />
O verdadeiro amor para mim<br />
nascia a partir da imobilidade<br />
dos nossos corpos prostrados<br />
Como a vida brotando<br />
dos restos de um banquete<br />
Súbito, a campainha do telefone<br />
Os pregões matinais dos ambulantes<br />
O sol nos assaltando pela fresta<br />
A languidez sendo expulsa<br />
O sonho se esgueirando das nossas mãos<br />
Que já não se crispavam<br />
que agora eram rijas<br />
calejadas<br />
secas...<br />
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Poeminflamado<br />
Agendas da Vida<br />
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