Baixe o Livro - poeminflamado
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Uma deusa do fogo XXI<br />
Me lambe a mente<br />
Me queima a semente<br />
De uma nova ideia<br />
Uma deusa pagã, ateia.<br />
Outra, da água, submerge em mim<br />
E me desvenda os mistérios<br />
Sem no entanto mo revelá-los<br />
E agora me vejo mais incognoscível<br />
Exceto no que me admito desprezível<br />
Ei-la que me aparece alada<br />
Cheia de plumas, porém empalhada<br />
A dona dos ares tão subjugada<br />
Pela metade do meu desejo<br />
Que voa bem longe morrendo de medo<br />
Nem cria na ameaçadora esquina<br />
E menos na cumprição da promessa<br />
Saltita a morte peremptoriamente eterna<br />
E dá-me de presente ao seio da terra<br />
Que sem cerimônias me abraça e me encerra!<br />
No lago, ao entardecer<br />
Cantavam os pássaros<br />
À distâncias prudentes<br />
das serpentes que<br />
Moviam-se sobre as águas<br />
Como se puxadas pelos movimentos<br />
das suas línguas.<br />
Deixei-me cair, hesitante,<br />
E adiei o mergulho<br />
No que julguei<br />
Águas envenenadas.<br />
- Será que as serpentes deixam seu veneno<br />
na margem, antes do banho?<br />
O meu veneno está sempre ao meu alcance<br />
Pensei e pulei<br />
com estrondo<br />
na serenidade<br />
daquele<br />
crepúsculo.<br />
Assustado, mas<br />
afastando lagartos e<br />
cobras e libélulas e pássaros<br />
do meu medo<br />
Daquela horripilante sensação<br />
de dezenas de línguas<br />
Serpenteando-me<br />
Sem nem um só<br />
bote mortal!!<br />
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Poeminflamado<br />
Agendas da Vida<br />
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