Baixe o Livro - poeminflamado
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transcrições do material audiovisual. A primeira refere-se à versão de<br />
1996, a segunda à de 1997:<br />
“Desarme-me dos meus olhos / se eles se abaixarem ao seu olhar/<br />
e da minha língua / se ela não o delatar / e das minhas mãos /<br />
se elas por acaso o adularem / Desarmem-me do meu sexo / Para<br />
não enrabar minha filha, seu puto! / Mas devolva-me a minha religião<br />
/ Devolva-me a minha língua, / Devolva-me a minha cultura, /<br />
Devolva-me o meu verão / Que a minha pele queima todo o dia / e<br />
agora, e aqui, nenhuma andorinha / Pra remédio.”<br />
“Desarme-me dos meus olhos/ se por acaso eles se abaixarem ao seu<br />
olhar/ Livre-me das minhas mãos/ se algum dia ele(a)s o adularem/ e<br />
dos meus pés se não correr no encalço de lhe denunciar/ e da minha<br />
religião/ Livre-me porque por ela eu fiz um juramento// Mas devolva-<br />
-me a minha cultura/ A verdadeira história/ O meu baseado, a minha<br />
caneta e o meu papel/ Porque eu preciso registrar a minha história”<br />
Importante ressaltar que como preâmbulo à performance de 1997, o<br />
poema é introduzido por uma pequena encenação do artista, que forja um<br />
“baculejo” policial.<br />
XXVIII Este poema faz referência ao coletivo Molusco Lama, grupo de<br />
artistas marcado pelo livre-pensar e pelo livre-fazer, que fez história em<br />
Olinda e Recife. Viviam alternativamente em comunidade, com sua produção<br />
concentrada na década de 1990. Fernando Peres, Lourival Cuquinha<br />
e Grilo foram alguns de seus componentes. O coletivo chegou a efetivar<br />
parcerias com França, como as participações em algumas performances<br />
d´A Cor da Exclusão, realizadas em 1996/1997.<br />
XXIX Há outra versão deste poema no livro Luz do Litoral. Percebem-se<br />
algumas adequações temáticas. Ver página 131.<br />
XXX <strong>Livro</strong>-poema de autoria de Angelo Bueno e colaborações de Mauro,<br />
Erickson Luna e França. Os dois últimos também fizeram a apresentação<br />
do livro. Este poema foi reiteradamente recitado no Eu, Poeta Errante,<br />
além de amplamente conhecido e bem aceito pelo público. Nessas ocasiões,<br />
era recitado tanto por França, por Angelo Bueno ou pelos dois.<br />
XXXI Curiosamente, esta contravenção gramatical permaneceu delibera-<br />
damente no poema, segundo Angelo Bueno, pelo fato de todo erro contra<br />
a Língua Portuguesa constituir, para ele, um acerto contra a colonização.<br />
XXXII Coautoria do poeta França com Silvana Beraldo Massera (Sil).<br />
XXXIII Este capítulo foi reservado a notórios poemas de França que circularam<br />
– e ainda circulam – apenas na oralidade. Trazem em si a dúbia<br />
relação da notoriedade oral e do ineditismo na escrita.<br />
O critério de seleção utilizado foi o do acesso efetivo ao registro de versões<br />
dessas peças – tanto nos manuscritos pessoais do poeta quanto em mídia audiovisual.<br />
Vale salientar que, para além dos poucos aqui registrados, ainda existem<br />
algumas composições poéticas similares – mas apenas na memória dos<br />
que vivenciaram a poesia de França, sem nenhuma concreta documentação ou<br />
mesmo relato que sirva de ponto de partida para uma adequada transcrição.<br />
XXXIV Por escrito, este poema constava apenas nos manuscritos pessoais<br />
do poeta. Oralmente, porém, já havia circulado desde as primeiras<br />
performances d´A Cor da Exclusão. A versão escolhida para integrar esta<br />
publicação foi transcrita de imagens feitas por Jeferson Luiz, da já referida<br />
performance, datada de 20 de novembro de 1996.<br />
XXXV O poema em questão circulou apenas oralmente: nos recitais e em<br />
outras apresentações. Nunca foi registrado em quaisquer publicações do<br />
autor. A versão inclusa neste capítulo é resultado da transcrição de uma<br />
performance de França – a partir de imagens contidas no DVD anexo a este<br />
livro – quando da festa de lançamento do livro Quarto de Ofício, em 1997.<br />
É de comum senso que este poema foi bastante recitado, adaptado ao<br />
sabor do improviso, dos contextos de apresentação e, inclusive, foi ponto<br />
de partida para performances como a executada no vídeo Farândola,<br />
realizado pelo Canal 03, também em 1997. Neste vídeo, que retrata a(s)<br />
realidade(s) das ruas de Recife e Olinda, o poeta – que também era ator,<br />
encenador, educador e capoeirista – fez o que foi denominado uma “performance<br />
da fome”. Transcrevemos aqui o texto da performance, que dá<br />
ênfase a alguns versos – inclusive repetindo-os – da versão aqui publicada:<br />
“- Lá vem ela / Lá vem ela / - ela quem? / - A fome! // Lá vem ela<br />
descendo a Ladeira da Misericórdia / sem misericórdia nenhuma<br />
// - Lá vem ela / - ela quem? // e alimenta outras carências... // A<br />
fome vem / e a fome vem / e alimenta outras carências / e a fome<br />
200<br />
Poeminflamado<br />
Notas<br />
vem / e elimina as diferenças / entre seres humanos / e animais //<br />
201