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ARTISTAS UNIDOS - Companhia de Teatro de Almada

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LUNARDO E <strong>de</strong> portas trancadas.<br />

SIMON E varandas barricadas.<br />

LUNARDO E mantê-las pianinho.<br />

SIMON E pô-las a fazer à nossa maneira.<br />

LUNARDO E quem for homem é assim que faz. (Sai.)<br />

SIMON E quem não faz assim, não é homem (Sai.) 37<br />

Por um instante, abre-se uma passagem na cena interdita que se concretiza num<br />

cone <strong>de</strong> sombra <strong>de</strong> um quotidiano burguês protegido, reprimido, mas exactamente por<br />

causa disto mais vivo, mais estimulante. Mas é apenas por um instante. A comédia não<br />

segue neste sentido, não nos mostra uma falha no interior burguês, transforma-se,<br />

contudo, na <strong>de</strong>scrição da cida<strong>de</strong> e do social vividos pelos rústicos como uma invasão, e<br />

por isso coisa para experimentar com medo, com horror, como se se tratasse <strong>de</strong> uma<br />

obsessão persecutória. Muito diferente <strong>de</strong> Di<strong>de</strong>rot que fala sempre, exactamente, <strong>de</strong><br />

“salon”, isto é, “sala”, (Em O filho natural) ou <strong>de</strong> “salle <strong>de</strong> compagnie”, isto é, “sala <strong>de</strong><br />

estar”, (em O pai <strong>de</strong> família) e que, sobretudo, engrossa <strong>de</strong> particularida<strong>de</strong>s as<br />

<strong>de</strong>finições <strong>de</strong>ste espaço cénico peculiar (pensamos na minuciosa precisão da rubrica <strong>de</strong><br />

abertura <strong>de</strong> O pai natural que nos mostra uma atenta <strong>de</strong>slocação em profundida<strong>de</strong> dos<br />

actores, aos quais são finalmente assinalados os seus movimentos específicos) 38 . Mas<br />

tudo isto não chega para recuperar minimamente a modéstia da escrita dos textos <strong>de</strong><br />

Di<strong>de</strong>rot. Os seus novos espaços cénicos, <strong>de</strong>finidos e articulados revolucionariamente,<br />

não possuem a ressonância que evi<strong>de</strong>nciámos nos espaços formalmente vazios,<br />

aparentemente sem qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> A Estalaja<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Goldoni.<br />

Nota: Todas as transcrições <strong>de</strong> A Estalaja<strong>de</strong>ira foram traduzidas por Jorge Silva Melo, Carlo Goldoni,<br />

Peças Escolhidas, volume 1. Cotovia, 2008, exceto quando indicação em contrário.<br />

37 Tradução <strong>de</strong> José Peixoto, Carlo Goldoni, Peças Escolhidas, volume 2. Cotovia, 2009.<br />

38 Cfr. Oeuvres complètes <strong>de</strong> Di<strong>de</strong>rot, Belles-Lettres, Iv, Théâtre, critique dramatique, par J. Assèzat,<br />

Garnier, Paris 1875, tome septième, rispettivamente p. 22 e p. 187.<br />

Rua <strong>de</strong> Campo <strong>de</strong> Ourique, 120 / 1250 – 062 Lisboa/ Tel: 21 391 67 50<br />

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