ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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geométrica) de 17,41 kg, ao passo que o peso médio (média geométrica) <strong>da</strong>s presas de <strong>onça</strong>s-<br />
pinta<strong>da</strong>s é de 147,46 kg (ver Capítulo I). A maior versatili<strong>da</strong>de para se alimentar de pequenas<br />
presas e de utilizar maior varie<strong>da</strong>de de hábitats permite que a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> possua maior<br />
distribuição geográfica. No entanto, a relação pre<strong>da</strong>dor e abundâncias/biomassas de suas<br />
presas não se manteve linear, sugerindo que outros efeitos, como aspectos sociais inter-<br />
específicos do pre<strong>da</strong>dor podem afetar o aumento contínuo de sua densi<strong>da</strong>de.<br />
PADRÃO DE ATIVIDADE DE PRESA VERSUS PREDADOR<br />
Geralmente, os padrões de ativi<strong>da</strong>de de pre<strong>da</strong>dores estão relacionados com os padrões<br />
de ativi<strong>da</strong>de (movimento) de suas principais presas (ex. leão - Stander & Albon, 1993; tigre<br />
Seidensticker & McDougal, 1993; <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> – Crawshaw & Quigley, 1991). Essa relação<br />
foi encontra<strong>da</strong> para <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>, ao longo <strong>da</strong>s quatro regiões amostra<strong>da</strong>s, mas não para <strong>onça</strong>s-<br />
pinta<strong>da</strong>s. Porém, ao contrário do encontrado para a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>, a distribuição <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong><br />
é mais restrita e os seus valores de abundâncias menores, de forma que é possível que a falta<br />
de relação significativa (ao nível de 5%) seja mais uma efeito de baixas amostragens ou<br />
rari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> espécie.<br />
No Cerrado e Pantanal <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s apresentam distribuições e<br />
abundâncias distintas. Essas variações devem refletir as diferenças em biomassa (<strong>onça</strong>s-<br />
pinta<strong>da</strong>s têm praticamente o dobro do peso de <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s) e em exigências ecológicas<br />
(hábitats e dieta distintas). Robinson e Redford (1986), concluem que as densi<strong>da</strong>des de<br />
mamíferos neotropicais, em ambiente de floresta, estão relaciona<strong>da</strong>s com suas biomassas e<br />
dietas, sendo que, biomassa sozinha explicaria metade <strong>da</strong> variação de densi<strong>da</strong>de. Seus<br />
resultados indicaram que, ....“ de uma forma geral, espécies de maior biomassa ocorrem em<br />
menor densi<strong>da</strong>des do que espécies com biomassas menores e espécies com dietas restritas,<br />
ocupando níveis tróficos mais altos, estão presentes em menor densi<strong>da</strong>des do que aquelas<br />
generalistas quanto aos hábitos alimentares.” O presente estudo corrobora essa<br />
generalização, pois as abundâncias de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s (maior porte e mais especialista quanto<br />
a dieta do que a <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong>) foram menores do que as de <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong>s as quatro<br />
regiões amostra<strong>da</strong>s.<br />
Os resultados deste estudo demonstram que a <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> é mais sensível à alteração<br />
de seu ambiente natural e depende de espécies de presas de maior porte. Essas espécies-<br />
presas, por sua vez, são exatamente aquelas de maior valor cinegético e que, por razões <strong>da</strong><br />
caça pre<strong>da</strong>tória ou de subsistência, são geralmente encontra<strong>da</strong>s em baixas densi<strong>da</strong>des onde<br />
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