ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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fiscalização, onde o monitoramento de populações indicaria o número máximo de abates<br />
permitidos anualmente.<br />
Programas de caça esportiva são desenvolvidos em grande parte do mundo<br />
envolvendo várias espécies. Lewis e Alpert (1997) avaliaram os impactos positivos <strong>da</strong> caça<br />
esportiva sobre a economia local e <strong>conservação</strong> <strong>da</strong>s espécies caça<strong>da</strong>s na Zâmbia, onde um<br />
terço do que é arreca<strong>da</strong>do anualmente com licenças de caça (US$ 1,3 milhões) é destinado ao<br />
órgão ambiental federal <strong>da</strong>quele país. Hurt e Ravn (2000) e Child (2000) avaliaram que, sem<br />
retorno financeiro para comuni<strong>da</strong>des e donos de terras, é impossível praticar a <strong>conservação</strong> de<br />
espécies que causam prejuízos. Os estudos supracitados propõem modelos auto-sustentáveis<br />
para safaris, utilizando as experiências de países africanos, onde to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de local e<br />
espécies caça<strong>da</strong>s se beneficiariam. Eltringham (1994) argumenta que por ser elitiza<strong>da</strong> e cara, a<br />
caça esportiva para algumas regiões traz mais retorno financeiro por uni<strong>da</strong>de de investimento<br />
do que o safari fotográfico tradicional.<br />
Os modelos e valores em operação em outras partes do mundo poderiam servir de<br />
parâmetro para um planejamento de manejo auto-sustentável de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-<br />
par<strong>da</strong>s em algumas regiões do Pantanal, ou mesmo em outras regiões onde essas espécies são<br />
abun<strong>da</strong>ntes. Por exemplo, sabe-se que uma licença de abate de um leopardo na Etiópia custa<br />
US$ 4,000 (Hurt & Ravn, 2000), o equivalente a aproxima<strong>da</strong>mente 29 cabeças de gado (no<br />
valor de R$ 400,00 / US$ 137) no Brasil. No entanto, considerando a exclusivi<strong>da</strong>de de uma<br />
caça<strong>da</strong> de <strong>onça</strong>, o valor por licença poderia ser reconsiderado como o triplo do que se paga<br />
para um leopardo, compensando ain<strong>da</strong> mais prejuízos causados em rebanhos domésticos.<br />
Vários autores que estu<strong>da</strong>ram a pre<strong>da</strong>ção de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s sobre rebanhos domésticos<br />
discutem a caça esportiva ou simplesmente o abate, direcionados aos animais depre<strong>da</strong>dores,<br />
como uma alternativa de manejo <strong>da</strong> espécie (Rabinowitz, 1986; Swank & Teer, 1989;<br />
Hoogestijn et al., 1993). No entanto, como propõem Hoogestijn et al. (1993), são necessários<br />
estudos de campo que fun<strong>da</strong>mentem os números <strong>da</strong>s populações e suas potenciais taxas de<br />
desfrute. Afinal, sem <strong>da</strong>dos de monitoramento demográfico não é possível avaliar com<br />
critério cientifico a potenciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> exploração sustentável de uma população. Por exemplo,<br />
Lindzey et al.(1992) verificaram que uma taxa de desfrute de 27% de uma população de<br />
<strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s nos Estados Unidos estava direcionando-a ao declínio. Sendo assim, propostas<br />
que envolvam a remoção de animais de uma determina<strong>da</strong> população devem, obrigatoriamente,<br />
desenvolver, paralelamente, um programa de monitoramento populacional para orientar as<br />
taxas anuais de desfrutes.<br />
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