ecologia comparada e conservação da onça-pintada - Pró-Carnívoros
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dos rios (Rabinowitz, 1986; Quigley & Crawshaw, 1992; Nunez et al., 2002). Esta<br />
preferência de hábitat, relaciona<strong>da</strong> também com as espécies de presas consumi<strong>da</strong>s, revela a<br />
importância destes corredores naturais (vegetação nativa ao longo de rios) para a dispersão<br />
desta espécie. Quigley e Crawshaw (1992) propuseram a manutenção de corredores naturais<br />
entre áreas conserva<strong>da</strong>s do Pantanal para a preservação local <strong>da</strong> espécie e, mais<br />
recentemente, Nunez et al. (2002) observaram as mesmas necessi<strong>da</strong>des para a <strong>conservação</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong> e <strong>onça</strong>-par<strong>da</strong> no México.<br />
Beier (1995) estu<strong>da</strong>ndo a dispersão de nove <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s na Califórnia (EUA),<br />
observou que cinco utilizaram corredores. O autor verificou que a largura e o nível de<br />
preservação <strong>da</strong> vegetação nativa formando o corredor tiveram forte influência no sucesso <strong>da</strong><br />
dispersão dos indivíduos. O autor registrou que as <strong>onça</strong>s utilizaram corredores com larguras<br />
médias de 400 metros e afunilamentos de até 3 metros, e que o estresse ambiental (ruídos e<br />
movimentação humana), provocado pelo uso antrópico do ambiente ao redor, inibiu o uso de<br />
corredores estreitos. O autor recomen<strong>da</strong> que para <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s, corredores devam ter<br />
larguras de 100 a 400 metros para distâncias de até sete quilômetros a serem percorri<strong>da</strong>s.<br />
No entanto, ao contrário do que observado por Beier na Califórnia (1995), nos<br />
resultados de monitoramento por radio-telemetria de cinco <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s na região do Parque<br />
Nacional <strong>da</strong>s Emas (Capítulo 1) não foi observa<strong>da</strong> preferência de hábitat ribeirinho por esta<br />
espécie. Ao contrário <strong>da</strong> <strong>onça</strong>-pinta<strong>da</strong>, indivíduos se deslocaram também por hábitats<br />
abertos e distantes de cursos d’água. Sweanor et al. (2002) observaram que machos de<br />
<strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s em dispersão toleravam atravessar curtos trechos antropizados. Desta forma,<br />
como observado na região do Parque Nacional <strong>da</strong>s Emas, as <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s, aparentemente,<br />
são muito mais dependentes de hábitats ribeirinhos (conexões naturais) para se dispersarem<br />
do que as <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s.<br />
A análise de potenciais corredores de dispersão de <strong>onça</strong>s-pinta<strong>da</strong>s e <strong>onça</strong>s-par<strong>da</strong>s<br />
entre Uni<strong>da</strong>des de Conservação, por bacias hidrográficas, pode ser uma <strong>da</strong>s melhores formas<br />
de se avaliar a situação de conectivi<strong>da</strong>de entre populações. Considerando que a rede<br />
drenagem é o meio preferencial de deslocamento <strong>da</strong>s espécies (pelo menos para a <strong>onça</strong>-<br />
pinta<strong>da</strong>), então os corredores podem ser identificados, esforços de <strong>conservação</strong> podem ser<br />
planejados e mais recursos direcionados para estas áreas. Apesar de apresentar uma <strong>da</strong>s<br />
menores proporções de cobertura protegi<strong>da</strong>s com o uso indireto (0.21%), Entre as cinco<br />
bacias hidrográficas avalia<strong>da</strong>s, a do Paraguai (Pantanal) é a que permite melhores condições<br />
de dispersão entre suas sete Uni<strong>da</strong>des de Conservação com área superior a 10.000 hectares.<br />
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