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teoria literária - Universidade Castelo Branco

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permeabilidades, coabitações, regimes de convivência. Com a descontração, geramos<br />

alguns paradigmas desconstrucionistas. Esses paradigmas tiveram um papel<br />

fundamental, na medida em que contribuíram para desestabilizar um conjunto de<br />

princípios rigidamente constituídos. A chegada, portanto, desse esforço de<br />

desconstrução teve um papel essencial ─ o de abalar nossas certezas.<br />

Todos sabem que nós vivemos, em alguns instantes quase dramaticamente, esse<br />

tipo de transformação. Mas, de qualquer maneira, absorvemos com serenidade a<br />

avalanche do desconstrucionismo e, ao mesmo tempo, fomos capazes de procurar saídas<br />

para o impasse que ele gerou. Porque após duas, três gerações, não se pode mais viver<br />

só de desconstruir. Me parece que hoje, 30 anos depois, nós já podemos dizer basta à<br />

desconstrução. Ela desempenhou um papel histórico fundamental, ela contribuiu<br />

inegavelmente para alterar certo regime de propriedade intelectual. Mas, já precisamos,<br />

nesse final de milênio, nesse final de reconstrução de uma história perplexa, e de uma<br />

história seguramente incerta, nós precisamos rever este conjunto de princípios que<br />

fizeram a glória da desconstrução.<br />

Nesse (Naquele) período de domínio total da desconstrução, um grupo de<br />

pessoas tentou fazer uma leitura hermenêutica da literatura. Essa leitura não tinha a<br />

menor aceitação no quadro de trabalho então vigente. Era considerada uma inutilidade,<br />

ou uma aberração, ou uma imprudência teórica, ou as três coisas simultaneamente.<br />

Porque essa nova modalidade de interpretação significava uma espécie de núcleo de<br />

resistência a essa voracidade formalizadora. Era o período em que a lingüística<br />

modelizava para todas as outras disciplinas.<br />

Lembro-me que a sociologia se amparou enormemente na lingüística. Que<br />

disciplinas complexas, como a neurologia ou como a própria filosofia, em certos<br />

instantes, começaram a modelizar em função dos parâmetros científicos dispostos pela<br />

lingüística. O momento era residualmente de combate ao impressionismo e aquelas<br />

possibilidades de formalização eram extremamente bem-sucedidas e bem recebidas.<br />

Evidentemente, neste quadro de predominância dos modelos formalizantes,<br />

representados sobretudo pelo estruturalismo, aliado, mais do que aliado, da lingüística, a<br />

proposta hermenêutica era considerada de pouca cientificidade, de capacidade reduzida<br />

para dar conta de uma relação mais objetiva com o texto.” (Conferir: PORTELLA,<br />

Eduardo. “Os Paradigmas do Silêncio”. In: LOBO, Luiza (Org.). Globalização e<br />

Literatura. Discursos Transculturais. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999: 11-13)<br />

“A partir do esforço de verticalização, quando a consciência crítica da literatura<br />

assumiu o comando dos estudos literários, deixando de lado o palpite emocionado mas<br />

ingênuo, a investigação <strong>literária</strong> registrou algumas atitudes básicas, importantes.<br />

A primeira tomada de posição aconteceu com a chamada NOVA CRÍTICA, que<br />

abrigava vários tipos de análise <strong>literária</strong>, desde a análise estilística alemã ou espanhola<br />

até o new criticism anglo-americano.<br />

A segunda opção crítica [filológica], embora podendo ser enlaçada com a<br />

primeira, identifica-se por um rigor sistemático e por uma amplitude de visão, que<br />

justifica plenamente o tratamento autônomo (isto, quando exercida por representantes<br />

da força criadora de um Leo Spitizer, de um Erich Auerbach, de um Damaso Alonso, de<br />

um Hugo Friedrich).<br />

O terceiro momento tem na Lingüística o seu modelo e o seu padrão de<br />

verdade.” (Conferir: PORTELLA, Eduardo. “Limites Ilimitados da Teoria Literária”. In.:<br />

PORTELLA, Eduardo (org.). Teoria Literária. R. J.: Tempo Brasileiro, 1977: 9)

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