teoria literária - Universidade Castelo Branco
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Retomo, agora, as reflexões de Eduardo Portella, para, novamente, concordar<br />
com a sua assertiva de que “criticar é rasgar novos horizontes”. Se não há como<br />
“pensar a literariedade sem ser em tensão (ou, direi por minha vez, em colaboração)<br />
com a cientificidade, porque não submetermo-nos a um encontro que se efetive para<br />
além da recusa passional ou da submissão ingênua: seja um diálogo criador”. 22<br />
Ainda em relação ao termo decodificação, de largo uso na crítica de base<br />
cientificista, Eduardo Portella esclarece:<br />
Decodificação não quer dizer necessariamente coincidência ou acordo; quer dizer<br />
apenas a ultrapassagem da incompreensão. Porque o único que se lhe pede é que esteja<br />
ancorada no porto seguro do entendimento. 23<br />
Não foi outra coisa o que propus aqui. Postulei uma contribuição satisfatória<br />
para o entendimento atual do literário, uma contribuição entre duas grandes correntes<br />
críticas (a cientificista e a fenomenológica) em benefício da correta decodificação do<br />
texto literário, para que a compreensão fique “ancorada no porto seguro do<br />
entendimento”. Ao reivindicar uma colaboração da Semiologia com a Hermenêutica,<br />
não quero (e, aqui, quero pedir licença para parodiar Eduardo Portella) repudiar o<br />
silêncio, que se encontra palpitante no interior da Obra Literária, e reverenciar a<br />
“loquacidade enganadora de um analismo que, em nome da objetividade, se mostra<br />
impermeável ao subjetivismo”. Ao contrário, proponho um labor crítico dialético,<br />
usando dos ensinamentos de ambas as correntes, para que esse silêncio seja rompido.<br />
Reivindico uma colaboração entre as duas correntes (afirmo que esta colaboração, que<br />
muitos dizem existir, não se efetua na prática, em nossos dias), para que este “silêncio”<br />
se ouça acima dos estudos esquemáticos (que, em absoluto, não são por mim rejeitados),<br />
ou seja, estudos de origem estruturalista (simplesmente, análise), e promova a<br />
compreensão dos sentidos corretos do texto literário (planos invisíveis).<br />
(Texto de Neuza Machado. Este texto pertence aos Apontamentos de Teoria<br />
Literária e Crítica Literária, um livro que está sendo elaborado pela autora e<br />
que será publicado em breve por sua editora particular, NMachado, editora da<br />
autora, registrada no ISBN – Rio de Janeiro)<br />
ATENÇÃO: A Crítica Literária, como explicação e decodificação<br />
(analismo) e/ou reflexão e interpretação (fenomenologia) de obra<br />
<strong>literária</strong>, deverá se posicionar em permanente transformação,<br />
seguindo as diretrizes impostas pelos próprios textos literários em<br />
evolução, ou seja, deverá se desenvolver de acordo com o momento<br />
histórico de tais textos (utilizando as técnicas analíticas e/ou estudos<br />
fenomenológicos do momento presente). Por este ponto de vista, não<br />
há como enquadrar uma obra pós-moderna, por exemplo, em<br />
instruções e modelos críticos já desatualizados, os quais não darão<br />
conta das referidas análises e/ou interpretações. O estudioso e/ou<br />
professor deverá estar sempre em permanente reciclagem intelectiva.<br />
22<br />
PORTELLA (1970), op. cit., p. 22.<br />
23<br />
Idem, p. 25.