teoria literária - Universidade Castelo Branco
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UNIDADE III<br />
CRÍTICA LITERÁRIA: MODERNIDADE X PÓS-MODERNIDADE<br />
3.1 - MODERNIDADE<br />
“Na Modernidade a reificação humana transforma o humano em objeto social,<br />
na massa, imanente ao todo. As sociedades modernas são sociedades de massa e<br />
estamos nelas como água dentro da água, para usar a metáfora de Bataille. O<br />
capitalismo de massa é imanente ao todo. Se sair dessa imanência, morre.<br />
Na massa, a individuação não é nem coisa nem homem. Fica no meio do<br />
caminho que vai daquela para este. Pois as coisas estão no nível da terra, do planetário,<br />
sem um sentido dinâmico que lhes dê vida. As coisas mesmas, em si mesmas, são o<br />
não-sentido, se nós as imaginamos sem uma consciência que as pense, que transforme<br />
as coisas em objetos do pensamento. A coisa, como tal, não é ainda objeto (do sujeito),<br />
não é ainda objeto do conhecimento, pois o objeto passa a existir de um sujeito que o<br />
pensa. O vazio das coisas é o terror que se limita a ver o horizonte vazio e oco, espécie<br />
de lugar sem alma, lugar da morte, paisagem lunar.<br />
Na medida em que nós possamos ver no ser humano também uma coisa, seu<br />
absurdo não será menor do que o das pedras, mas ele não é sempre redutível à realidade<br />
inferior que atribuímos às coisas. Pois o problema que se avista na reificação é a<br />
incomunicabilidade, o absurdo de viver no mundo despovoado de sentido, de não<br />
participar da história, de não compreender o todo, de ignorar as causas das decisões dos<br />
acontecimentos. O moderno se encontra num limite. O afastamento da natureza, onde<br />
era exigido o exercício pleno dos sentidos, trouxe o artificialismo da vida tecnológica,<br />
uma espécie de inteligência sem alma. Nosso mundo é o mundo eletrônico dos<br />
microcomputadores, porta-vozes de uma felicidade sem alma, anestésica, onde tudo<br />
funciona sem nervo. A sociedade parece ter sido transformada em objeto da ciência,<br />
imanente ao todo.” (Conferir: SAMUEL, Rogel. Novo Manual de Teoria Literária.<br />
4.ed. Petrópolis:Vozes, 2007: 135-136)<br />
3.2 - MODERNIDADE: IMANÊNCIA E IMEDIATISMO (≠ DE TRANSMANÊNCIA)<br />
“O mundo da Modernidade é o da imanência e do imediatismo, (...). A<br />
transcendência pertence a uma categoria humana anterior de consciência em relação às<br />
coisas. A vacuidade do olhar que vê o vídeo revela a imanência existencial não mais<br />
exercendo o seu poder de transcendência. A transcendência pertence a uma categoria<br />
humana anterior, de consciência em relação às coisas. A vacuidade do olhar que vê o<br />
vídeo revela a imanência existencial não mais exercendo o seu poder de transcendência.<br />
Objeto é o emprego que a tecnologia moderna faz das coisas tornadas úteis,<br />
práticas, aperfeiçoadas, interrompendo-se a continuidade harmoniosa e natural em que<br />
se encontravam.<br />
O olhar que vê o objeto não é o mesmo olhar que vê a coisa dada na natureza.<br />
Assim como o olhar que vê o vídeo não é igual ao olhar que olha a flor. Olhar a flor faz<br />
a redenção daquele olhar capaz de transcendência. O vídeo fez o olhar desaprender, o<br />
olhar não mais decodifica a flor. A flor agora vem pronta, como produto industrial, não<br />
é a flor da margem da estrada. O olhar já não pára na margem da estrada, para a<br />
contemplação da flor. Pois a contemplação pertence a um passado, algo remoto e<br />
histórico. A contemplação não é mais possível na técnica que tudo traduz, no fato<br />
matematizado. A técnica revela o esquecimento do olhar.