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teoria literária - Universidade Castelo Branco

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hermenêutico do século XIX e verei o relacionamento dialético entre Hermenêutica e<br />

Ciência, a partir de Richard Palmer 3 e Paul Ricoer 4 , discutindo as noções de<br />

compreensão, interpretação e o problema do método crítico. Ressalto que apoiar-meei<br />

nas conclusões do Professor Eduardo Portella (escritas na década de setenta, mas<br />

ainda atuais), para superar determinados impasses teóricos, já que colocarei a<br />

Semiologia de Segunda Geração (própria para análises <strong>literária</strong>s) como Ciência Auxiliar<br />

à compreensão dos sentidos. Para tal empresa, utilizarei também alguns postulados do<br />

semiólogo italiano Umberto Eco. Assim, nas páginas finais desta propedêutica,<br />

retomarei os ensinamentos de Ricoer e Eduardo Portella, esperando demonstrar então a<br />

possibilidade da Semiologia da Literatura realizar com a Hermenêutica um criador<br />

diálogo, uma contribuição criadora para o entendimento atual do fenômeno literário.<br />

Quero esclarecer ainda que, ao postular a possibilidade de uma colaboração entre<br />

Semiologia e Hermenêutica, não é minha intenção comparar o método de uma Ciência<br />

com o de outra. Ambos (os métodos) possuem, segundo o meu ponto de vista,<br />

qualidades próprias. A experiência de contemplação da obra tem de abranger os dados<br />

visíveis e não-visíveis. Esta experiência de contemplação da obra é um conhecimento<br />

(nomenclatura hermenêutica). Não há como separar forma e conteúdo. Direi ainda,<br />

apoiada em Gadamer: o essencial na experiência estética de uma obra não é o conteúdo<br />

nem a forma, mas a matéria significada, ou seja, um mundo com a sua própria dinâmica.<br />

Não pretendo comparar dois métodos científicos, mas admitir que um (o semiológico)<br />

pode colaborar com o outro (o hermenêutico).<br />

HERMENÊUTICA E SEMIOLOGIA: UM PROBLEMA DA CRÍTICA LITERÁRIA ATUAL<br />

Neste início de século XXI, observa-se um fenômeno significativo no que<br />

concerne à Crítica Literária (aliás, este fenômeno já é antigo no Brasil: seus primórdios<br />

se localizam nos anos oitenta): há um impasse de <strong>teoria</strong>s diversificadas, várias maneiras<br />

de se penetrar no universo do texto, e isto traz, para a Ciência da Interpretação, a<br />

dúvida, quanto a direção a ser seguida, na realização do trabalho crítico. Ressalte-se o<br />

fato de que todas as <strong>teoria</strong>s convivem nos meios acadêmicos brasileiros, senão em<br />

harmonia total, pelo menos se respeitando cordialmente, evitando, assim, as<br />

divergências que existiram nos anos setenta. Nos anos sessenta, não será demais<br />

lembrar, o Estruturalismo (no que se refere à literatura e seu entendimento, um ponto de<br />

vista analítico repressor) imperou nas <strong>Universidade</strong>s. Nos anos cinqüenta, os<br />

universitários que se dedicavam ao estudo da literatura estavam submetidos às diretrizes<br />

teóricas (também analíticas e repressoras) do New Criticism americano, divulgado aqui<br />

no Brasil, pelo Professor Afrânio Coutinho, com o nome de Nova Crítica.<br />

Por tais motivos, compreende-se que não há como escolher um partido teórico<br />

único no âmbito da Literatura-Arte se há atualmente a facilidade de se conhecer cada<br />

feição crítica e avaliar-lhe suas contribuições, em função do desvelamento e<br />

compreensão do texto. Restará ao crítico literário brasileiro hodierno, antes de fazer<br />

uma escolha consciente, observar as sugestões oferecidas pela própria obra, pelo próprio<br />

texto, relacionando razão e compreensão: A obra impõe a sua verdade e, portanto, o<br />

seu próprio método a ser utilizado. Não se pode dissociar a Crítica da Arte.<br />

Em conseqüência deste impasse, a maneira de como interpretar um texto literário<br />

tornou-se um problema nos meios acadêmicos. (Não estou referindo-me aos teóricos<br />

conceituados). O que se observa atualmente, entre os alunos de Letras, é a utilização<br />

3 PALMER, Richard E. Hermenêutica. Lisboa: Edições 70, 1986.<br />

4 RICOER, Paul. Interpretação e Ideologias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

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