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teoria literária - Universidade Castelo Branco

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Os antagonismos existentes entre as duas facções eram visíveis nos anos setenta,<br />

e é naquele momento que encontro, no que se relaciona especialmente à Crítica<br />

Literária, no Brasil, o professor Eduardo Portella, preocupado com o cientificismo<br />

crítico, que aqui se aportara nos anos cinqüenta e sessenta, e que se fechava em<br />

prepotentes modelos de como se interpretar os textos literários. Observe-se a sua<br />

posição defensiva, a respeito da questão a qual seria examinada no decorrer de sua<br />

teorização acentuadamente hermenêutica e que está registrada em seu livro<br />

Fundamentos da Investigação Literária.<br />

Recusamo-nos inicialmente a imaginar a crítica <strong>literária</strong> fechada em si mesma,<br />

entregue a uma estranha forma de autodevoramento. Criticar é rasgar novos horizontes<br />

de compreensão. Uma crítica enclausurada será fatalmente uma crítica cega,<br />

provinciana ou parasitária. O seu entendimento superlativo pressupõe a consciência de<br />

sua interdisciplinaridade. 10<br />

Penso também, resguardada por Eduardo Portella, que “criticar é rasgar novos<br />

horizontes de compreensão”; reconheço, como profissional de Letras, que não se pode<br />

prescindir, nos estudos literários, da contribuição da Crítica Hermenêutica, propulsora<br />

do alcance das camadas mais profundas da obra <strong>literária</strong> e diretriz consciente da<br />

compreensão de suas mensagens unívocas, que se encontram camufladas nas<br />

entrelinhas. Mas, assim como Eduardo Portella já observava, na década de setenta, a<br />

“progressiva pressão dos modelos científicos no âmbito do fazer ou do saber literário” 11 ,<br />

e se preocupava em desenvolver uma espécie de reciclagem terminológica, visando se<br />

posicionar hermeneuticamente, abolindo de suas teorizações qualquer contato<br />

epistemológico, assim, também, encontro-me agora, nesta propedêutica e em meu<br />

próprio campo de trabalho. Usando outras palavras, tenho consciência de que a questão<br />

permanece, aqui no Brasil (não estou a referir-me aos posicionamentos americanos e<br />

europeus), apesar da afirmação de uns poucos teóricos, os quais divulgam que a tensão<br />

entre as duas correntes inexiste. Para tal comprovação, bastará ao crítico tricótomo fazer<br />

uma avaliação do que ocorre, em termos de ensino da Literatura, nas diversas<br />

<strong>Universidade</strong>s do país.<br />

Atualmente, ao invés da “pressão”, o que existe são trilhas díspares, abertas a<br />

todos incondicionalmente, e que levam o analista desavisado e/ou o pseudo-intérprete<br />

da obra <strong>literária</strong> a desenvolver uma crítica aleatória, misturando os conceitos e as<br />

terminologias dos diversos tipos de crítica <strong>literária</strong>. É lícito lembrar que estes diversos<br />

paradigmas são importantes, mas deveriam ser teoricamente bem encaminhados.<br />

Ainda, apoiando-me no pensamento do professor Eduardo Portella, continuo<br />

repetindo a sua assertiva: “criticar é rasgar novos horizontes de compreensão”. Penso<br />

que todos esses encaminhamentos críticos são válidos, desde que se saiba situá-los<br />

corretamente. Penso no texto como mediador de compreensão e somente ele dirá qual a<br />

forma de desenvolvimento crítico a ser seguida. Cada texto impõe a própria Verdade, e<br />

não é lícito que o crítico se afaste desta Verdade compreendida.<br />

Se hoje, em nossos meios intelectuais, não há mais a “pressão dos modelos<br />

científicos no âmbito do fazer ou do saber literário”, como muitos afirmam, infere-se<br />

que estas linhas críticas díspares reverteram-se em um novo problema. Urge reordenar o<br />

desordenado por meio de uma conciliação crítica satisfatória. A Semiologia de Segunda<br />

Geração, proposta por Umberto Eco nos anos oitenta, continua válida, uma vez que,<br />

pressionada pelas exigências críticas da Fenomenologia, a mesma reconheceu a sua<br />

validade apenas para os estudos analíticos preliminares, lineares, aceitando as<br />

10 PORTELLA (1981), p. 22<br />

11 Ibidem

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