Maria Isabel Pires Araújo - Universidade Aberta
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Representações Sociais da Escola e da Família: Uma Perspectiva de Pais numa Escola do Ensino Básico<br />
Democratizar o acesso à escola abrindo-a aos elementos de todas as classes à<br />
medida que a própria evolução social e escolar o permitir, cada um deve chegar<br />
até onde lhe facultem as suas qualidades, pessoais e, em contrapartida deve<br />
evitar-se o afluxo indiscriminado de quem não tem tais capacidades para seguir o<br />
ensino ou não está preparado (neste caso, proporcionando-lhe depois a<br />
preparação necessária (p.138).<br />
Sobre esta fase conturbada a que fizemos alusão e que se viveu nas<br />
escolas a seguir ao processo revolucionário, Formosinho e Machado (1998)<br />
assinalam que “quase paralisa a sua acção instrutiva”.<br />
Contudo, a crise económica que se desencadeou nos países democráticos<br />
mais desenvolvidos durante a década de 70 do século XX, que pôs fim ao Estado-<br />
-Providência trouxe para a Escola a discussão sobre o seu desempenho,<br />
assumindo a necessidade de um diferente papel, o de formação, em articulação<br />
com o das empresas, com o objectivo de dar resposta às necessidades do mundo<br />
do trabalho de então.<br />
Segundo Magalhães e Stoer (1998), os anos 80 são caracterizados por<br />
políticas híbridas que encaram a Escola de massas segundo várias perspectivas:<br />
por um lado os que consideram e defendem que a Escola tem a dupla função de<br />
conferir competências cognitivas e preparação para o mercado de trabalho e por<br />
outro, os que defendem que a Escola prepara e ajuda a construir o indivíduo.<br />
Assim, a construção e consolidação da Escola de massas enfermava de<br />
uma relação contraditória entre educação e cidadania, dado que uma tendia a<br />
conduzir à incorporação do modo de produção capitalista e a outra à construção<br />
de indivíduos/cidadãos (Antunes, 1995).<br />
Constatam-se então na década de 80 do Século XX, no panorama<br />
português, após a normalização da sociedade democrática, as primeiras<br />
responsabilizações concedidas à Escola no processo de formação dos alunos,<br />
sendo-lhe atribuído um novo papel (Stoer et al, 1990), afastando-a da sua função<br />
inicial.<br />
Os aspectos relacionados com as necessidades profissionais e a<br />
correspondente valorização e preparação para o desenvolvimento da economia,<br />
Página 27