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Maria Isabel Pires Araújo - Universidade Aberta

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Representações Sociais da Escola e da Família: Uma Perspectiva de Pais numa Escola do Ensino Básico<br />

escolaridade, dizendo que é agora, no interior das escolas, que se faz a selecção<br />

escolar, “entre os que obtêm maiores classificações”, remetendo os que têm<br />

maiores índices de insucesso escolar para os “empregos desqualificados ou<br />

precários”.<br />

Sobre este assunto Dubet (2004, p.28) reforça a importância dos diplomas<br />

dizendo, que, quanto mais numerosos são, mais indispensáveis se tornam, sendo<br />

mesmo inibidor, o facto de não se possuir nenhum. Assim, face a<br />

desenvolvimentos tecnológicos e económicos sujeitos a leis do mercado, as<br />

certificações dadas pelas escolas podem ser facilmente desvalorizadas, tendo em<br />

conta “os postos de trabalho disponíveis” e fazendo com que ocorra uma pressão<br />

pela reserva de lugares no que se considera serem as melhores escolas, as quais,<br />

proporcionam os seus títulos, àqueles que já tem à partida, um “capital cultural” e,<br />

teoricamente, se constituem como mais qualificados (Clavel, 2004, p.109).<br />

Tendo por base, estes pressupostos Clavel (2004) considera que o<br />

“discurso da unidade da escola é ideológico” na medida em que, o até agora<br />

veiculado, é que, se o acesso dos alunos à Escola é, por direito, livre, gratuito e<br />

fornecido nas mesmas condições, logo igual para todos, o facto de todos não<br />

chegarem ao topo não é culpa da sociedade, mas sim dos alunos. Nesta<br />

discussão, esquece-se que as condições dos alunos à entrada da Escola são,<br />

logo no início, desiguais.<br />

Nesta perspectiva, o problema não se situa a um nível dos “dons naturais”<br />

que cada um apresenta, mas sim como um problema de raiz sócio-cultural porque<br />

as famílias mais modestas, com níveis de cultura que não são compatíveis com as<br />

da Escola, apresentam grandes desvantagens à entrada. Neste sentido, a Escola<br />

é considerada como a promotora, a que difunde e veicula os valores das classes<br />

dominantes, que ao entrar na escola, já se identificam plenamente com ela<br />

(Clavel, 2004, p.111-112).<br />

Nesta mesma ordem de ideias, Dubet (2004) reforça dizendo que se o<br />

modelo da igualdade de oportunidades não teve sucesso, não é apenas por a<br />

sociedade ser desigual, mas também por a Escola ser mais favorável aos mais<br />

favorecidos.<br />

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