25.04.2013 Views

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

To<strong>do</strong>s los demás peca<strong>do</strong>s son voluntarios y personales, su gravedad es variable atendien<strong>do</strong><br />

a lo estableci<strong>do</strong> por la Iglesia cristiana y, sobre to<strong>do</strong>, a la valoración del confesor. 19<br />

Assim, na sequência <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> original vão organizar-se to<strong>do</strong>s os restantes peca<strong>do</strong>s,<br />

chama<strong>do</strong>s mortais ou capitais, por ordem da sua gravidade (soberba, inveja, ira, acídia,<br />

avareza, gula 20 e luxúria) como se verifica na obra Castelo Perigoso, no capítulo VI,<br />

«que fala <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s mortaaes e ramos que delles procedem», e onde se estabelece a<br />

diferença entre peca<strong>do</strong>s mortais e veniais (os peca<strong>do</strong>s que se apresentam como menos<br />

graves face a Deus):<br />

«Ora deve se saber cada hũu, homem e molher, que <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s mortaaes os<br />

prinçepaaes som sete, de que muytos outros deçendem, scilicet, soberva, enveja, hira,<br />

preguiça, avareza, guarguãtoiçe, luxuria. E quem de cada hũu destes peca<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s ramos<br />

delles quisese trauctar, faria hũu gram livro. […] Que quan<strong>do</strong> homem começa alghũu bem<br />

com penssamento e deliberaçom d.aver o louvor <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e que seja theu<strong>do</strong> por bõo e<br />

nom por Deus, isto he ypocresia e peca<strong>do</strong> mortall, e assi perde homem o que faz. Mes<br />

quan<strong>do</strong> homẽ começa alghũu bem com dereita e pura entençom por amor de Deus, e em<br />

fazen<strong>do</strong> este bem se mestura algũa /IVv/ vãa gloria, ou por homem saber que o vêem, ou<br />

porque he louva<strong>do</strong>, isto he peca<strong>do</strong> veniall; comtanto que assy çe<strong>do</strong> como a razom conheçe<br />

que ysto he vaidade, logo se repreenda a alançe de sy.» 21<br />

De facto, e ainda segun<strong>do</strong> Cristina Segura Graiño, os peca<strong>do</strong>s capitais foram<br />

enuncia<strong>do</strong>s durante a Idade Média e constituíram referência para os comportamentos das<br />

pessoas. O peca<strong>do</strong> constituía uma categoria mental colectiva que estava sempre presente na<br />

vida pública e que também condicionava os comportamentos priva<strong>do</strong>s, nomeadamente o<br />

<strong>do</strong>s clérigos 22 , como se pode verificar nos textos normativos que vamos analisar e onde se<br />

listam os vários peca<strong>do</strong>s cometi<strong>do</strong>s por homens e mulheres. Assim, pretendemos encontrar<br />

os peca<strong>do</strong>s cometi<strong>do</strong>s por mulheres em excertos de síno<strong>do</strong>s de Lisboa, Porto e Braga e<br />

19 C. Segura Graiño, «El peca<strong>do</strong>…», p.214.<br />

20 De acor<strong>do</strong> com María Ansejo Gonzaléz, para os primeiros cristãos, peca<strong>do</strong>s como a luxúria e a gula eram<br />

considera<strong>do</strong>s os menos graves: «al inicio de los tiempos modernos, se observa que para los directores de la<br />

conciencia cristiana la lujuria reviste una gravedad que contradice esa posición de último peca<strong>do</strong>, dentro de la<br />

lista de los capitales.», Maria Ansejo González, «Integración y exclusión. Vicios y peca<strong>do</strong>s en la convivencia<br />

urbana», in Ana Isabel Carrasco Mancha<strong>do</strong> e María Del Pilar Rábade Obradó, (coord.), Pecar en La Edad<br />

Media, Madrid, Sílex Ediciones, 2008, cap. 7, p.192.<br />

21 Elsa Maria Branco da Silva, (ed.), Castelo Perigoso, Lisboa, Edições Colibri, 2001, p.99. Ainda de acor<strong>do</strong><br />

com a autora: «versão portuguesa <strong>do</strong>s denomina<strong>do</strong>s Trata<strong>do</strong>s Cartusianos, também conheci<strong>do</strong>s pela<br />

designação genérica de Castelo Perigoso […] prosa teológica de ín<strong>do</strong>le ascética e mística escrita em finais da<br />

Idade Média.», ibidem, p.9.<br />

22 Cf., C. Segura Graiño, «El peca<strong>do</strong>…», p.213.<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!