B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Se uarõ se poser com molher, cõ aquele stormento que soõe a fa-//zer as molheres para<br />
comprir sua maldade tal pena sofra como aquel que fez peca<strong>do</strong> so<strong>do</strong>mitico, e a molher que<br />
peca<strong>do</strong> so<strong>do</strong>mitico sofrer. 130<br />
E no Libro de las Confesiones, aos homens e mulheres casa<strong>do</strong>s eram feitas<br />
perguntas sobre o peca<strong>do</strong> contra natura: «Si ovo allegança a alguna muger commo non<br />
devia, mayormente contra natura, e esto tanbien lo demandaras a los casa<strong>do</strong>s, ca, segund<br />
dize sant Geronimo, los casa<strong>do</strong>s pueden ser tan desordena<strong>do</strong>s que pecaran<br />
mortalmente.» 131 , transmitin<strong>do</strong>-se a ideia de que o peca<strong>do</strong> contra natura era consequência<br />
de amores «desordena<strong>do</strong>s» 132 .<br />
Relativamente à homossexualidade feminina 133 , e segun<strong>do</strong> Cristina Segura Graiño,<br />
as suas referências nos textos religiosos são escassas 134 , como também se comprova com a<br />
leitura <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Confissom, no qual só encontrámos a seguinte referência e respectiva<br />
penitência 135 :<br />
E da molher que iouuer cõ outra molher cõ aquel estormẽto que fazẽ as molheres, iaiũe sete<br />
coresmas a primera a pã e agoa. E a molher que esto sofrer <strong>do</strong>utra molher iaiũe .v.<br />
coresmas a prymeyra a pam e agoa e as solte per cartas e as outras segũ<strong>do</strong> mãdar seu bispo<br />
e iaiũe as sestas feyras a pam e agoa tirã<strong>do</strong> dia de natal e de Sãcta Maria que coma uiãda de<br />
coresma. 136<br />
consideradas moralmente reprobables y pecaminosas.», Ana Isabel Carrasco Mancha<strong>do</strong>, «Entre el delito y el<br />
peca<strong>do</strong>: el peca<strong>do</strong> contra naturam», in Ana Isabel Carrasco Mancha<strong>do</strong> e María Del Pilar Rábade Obradó<br />
(coord.), Pecar en La Edad Media, Madrid, Sílex Ediciones, 2008, cap.5, p.114.<br />
130<br />
Trata<strong>do</strong> de Confissom, p.51.<br />
131<br />
M. Pérez, Libro…, pp.48-49.<br />
132<br />
O peca<strong>do</strong> contra natura foi considera<strong>do</strong> o pior <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s sexuais, como se verifica em Castelo<br />
Perigoso: «Ainda he de saber que em luxuria pecam os homẽes e as molheres contra natura, que he o mais<br />
espantoso e o mais avorreçivill peca<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os outros, como e em que maneiras e em quantas, aqueles e<br />
aquellas que o fazem o sabem. Mes eu me callarey porque de tam vill e tam fe<strong>do</strong>rento peca<strong>do</strong> nẽhũu nom<br />
deve /IXv/ fallar, que elle foy a causa <strong>do</strong> <strong>do</strong>luvyo.», p.109.<br />
133<br />
Sobre este assunto ver Manuel Rodrigues Lapa Cantigas D’Escarnho e de Mal Dizer <strong>do</strong>s cancioneiros<br />
medievais galego-portugueses, (Lapa 41), nomeadamente na cantiga de Afonso Eanes <strong>do</strong> Coton, na qual<br />
Maria Mateus «desejava as mulheres com a mesma violência <strong>do</strong>s homens. São raros, na nossa poesia<br />
medieval, os <strong>do</strong>cumentos que aludem a esse vício feminino», p.74.<br />
134<br />
Segun<strong>do</strong> Cristina Segura Graiño: «las referencias a la homosexualidad femenina en los textos religiosos,<br />
no obstante la justicia laica condenaba estas prácticas como se ha demostra<strong>do</strong> en algunos <strong>do</strong>cumentos, pero<br />
non son demasia<strong>do</strong> frecuentes; en los raros casos en los que se constata, las mujeres implicadas recibían<br />
muy mala consideración y eran castigadas, aunque no con la muerte, como en el caso masculino.», «El<br />
peca<strong>do</strong>…», p.224.<br />
135<br />
Encontramos mais uma referência às relações homossexuais femininas, mas em O Penitencial de Martín<br />
Pérez em medievo-português: «Se o fez com outra, sicut solent vir et femina absque insturmento, jajune<br />
três coreesmas, segun<strong>do</strong> as ferias que os sanctos ordenaron», p.44.<br />
136<br />
Trata<strong>do</strong> de Confissom, p.51.<br />
36