B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
E en tales ofiçios que son con daño e poca pro, dizen los <strong>do</strong>ctores que biven las mugeres<br />
que fazen e venden pinturas e entalladuras vanas, que non son sinon para mirar los ojos e<br />
para vanidat, otrosi las que fazen e venden coronas garridas e frontales, e otrosi las que<br />
fazen tocas mucho conpuestas e garridas e loçanas, otrosi las que fazen atarradillas garridas<br />
e las venden, e otras cosas tales que non son sinon para loçanias e para paresçerse las<br />
mugeres. 92<br />
Estas mulheres vendiam pinturas 93 que eram utilizadas como cosméticos - as<br />
mulheres untavam-se com pós e cores («las otras colores e conçillas e unturas e polvos con<br />
que se afeytan e se untan las mugeres» 94 ) - faziam grinaldas e toucas garridas 95 que<br />
levavam ao peca<strong>do</strong>, uma vez que despoletavam nas mulheres e nos homens o peca<strong>do</strong> da<br />
luxúria 96 . Assim, a a<strong>do</strong>ração da sua formosura e beleza físicas era considerada peca<strong>do</strong> uma<br />
vez que a mulher amava mais o seu corpo <strong>do</strong> que a Deus e, ao enfeitar-se, provocava nos<br />
homens o desejo e a cobiça:<br />
E si alguna muger tanto se ama afeytar o tanto ama la su fermosura que sabe que los omes<br />
pecan en ella cobdiçian<strong>do</strong>la para pecar, e non la querria perder nin la querria asconder, nin<br />
de delante dellos se desviar, o non querria por eso dexar de se afeytar, señal es que mas<br />
ama aquella fermosura que a Dios, ca por averla o guardarla o demostrarla, consiente en los<br />
mandamientos de Dios quebrantar. 97<br />
Relativamente às relações sexuais entre os cônjuges, São Paulo, na primeira carta<br />
aos Tessalonicenses, demonstrava a sua preocupação com o relacionamento íntimo na<br />
vida conjugal e:<br />
92 M. Pérez, Libro…, p.448.<br />
93 Cabe ainda salientar que, e de acor<strong>do</strong> com Georges Duby: «É banal, à época, entre os homens da Igreja,<br />
condenar os cosméticos. Desagradam a Deus, o qual, é bem sabi<strong>do</strong>, proíbe que se deforme o corpo humano<br />
que ele mol<strong>do</strong>u com as suas mãos: pintada «de branco ou de vermelho», já não reconhece a sua criatura.», As<br />
Damas <strong>do</strong> Séc. XII, 3. Eva e os Padres, p.14.<br />
94 M. Pérez, Libro…, p.448.<br />
95 Deste mo<strong>do</strong>, era também peca<strong>do</strong> costurar acessórios garri<strong>do</strong>s que chamassem demasia<strong>do</strong> a atenção:<br />
«Otrosi, las que labran de seda o labores de lana escogida, non deven fazer tales labores vanas, asi commo<br />
çintas muy loçanas e bolsas, luvas, cabeçadas pintadas e garridas e coloradas, e brocales e otras obras vanas,<br />
ca en to<strong>do</strong> esto espienden su tienpo en balde e con tales trabajos nunca avran galar<strong>do</strong>n, e con tales<br />
entençiones los podrian fazer que seria peca<strong>do</strong> mortal», ibidem, p. 452.<br />
96 Apresentamos o exemplo retira<strong>do</strong> de «Vida de Santa Pelágia», sobre a vaidade de Pelágia enquanto jogresa<br />
ou mulher pública: «Quantas horas / pensades que esta molher está dentro ẽ ssua ca / mara, ẽ sse ornamentar<br />
a affectar, lavan<strong>do</strong> e / affremosentan<strong>do</strong> seu rrostro, untan<strong>do</strong>-o de m / uitos e desvayra<strong>do</strong>s unguẽtos pera seer<br />
dese /jada de to<strong>do</strong>s e pareçer bẽ ao mun<strong>do</strong> e nõ / seer nem pareçer torpe e fea aos seus am / a<strong>do</strong>s, que oje<br />
pareçẽ e cras nõ som?», L. F. Duarte, «Vida de Santa Pelágia», p.21.<br />
97 M. Pérez, Libro…, p. 592.<br />
30