B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
B. Horto do Esposo - Universidade Aberta
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Item porque to<strong>do</strong>los christãos devem a viver sem peca<strong>do</strong> de for|nizio e moormente<br />
os religiosos e os clerigos que devem , stabelecemos e mandamos que nemhũus<br />
religiosos nem rectores vigairos perpetuus nem raçoeiros nem outro clerigo nemhũu<br />
<strong>do</strong> arcebispa<strong>do</strong>, de qualquer condiçom e sta<strong>do</strong> que seja, que nom tenha barragãa publica, e<br />
o que a tever se for religioso stabelecemos e mandamos que jazca nosso carcer atá<br />
que vejamos que fez peendença <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> que fez, e se for capelam, raçoeiro ou outro<br />
clerigo qualquer, que pague a nós hũu marco de prata em nome de pena, mais sejam teu<strong>do</strong>s<br />
aas penas que som conteudas en dereito e outrossi nas constitições <strong>do</strong>s nossos antecessores<br />
e nossas que hi sobre esto há feitas. 64<br />
No Síno<strong>do</strong> de D. João Afonso Esteves de Azambuja, 13 de Janeiro de 1403,<br />
(Síno<strong>do</strong>s de Lisboa), na constituição 23, refere-se a sentença de excomunhão para as<br />
barregãs «mantheudas» de homens casa<strong>do</strong>s e de clérigos, assim como os danos e as perdas<br />
que o peca<strong>do</strong> da barregania trazia, nomeadamente, relativamente à alma, ao corpo e aos<br />
bens <strong>do</strong>s homens:<br />
Item, foi per el posta sentença descumunhom em as abarregãas mantheudas <strong>do</strong>s<br />
homẽs cassa<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s clerigos <strong>do</strong>rdẽs sagras ou beneficia<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s religiosos e porque os<br />
que as sobreditas coussas fazem e husam dellas pecam gravemente seguese <strong>do</strong>s ditos maaes<br />
e peca<strong>do</strong>s grandes dapnos e perdas assi das almas como <strong>do</strong>s corpos e bẽes que os homẽes<br />
ham 65<br />
No Síno<strong>do</strong> de D. Fernan<strong>do</strong> da Guerra, 1 de Junho de 1430, (Síno<strong>do</strong>s de Braga)<br />
encontramos a constituição «Contra os beneficia<strong>do</strong>s que teem concubinas publicas» em que<br />
as relações das mulheres com os clérigos são consideradas peca<strong>do</strong>s de luxúria 66 , («Porque<br />
em presença <strong>do</strong> muy poderoso Deus assy foy senpre e hé muy avorreci<strong>do</strong> o peca<strong>do</strong> da<br />
luxuria e avu<strong>do</strong> por gramde ençujamento que elle per sy antre os seus primeiros<br />
64<br />
Síno<strong>do</strong> de D. Gonçalo Pereira, 6 de Setembro de 1333, in A. Garcia Y Garcia, (ed.), et alii, Synodicon<br />
Hispanum…, p.50.<br />
65<br />
Síno<strong>do</strong> de D. João Afonso Esteves de Azambuja, 13 de Janeiro de 1403, in A. Garcia Y Garcia, (ed.), et<br />
alii, Synodicon Hispanum…, p.334.<br />
66<br />
De notar que o peca<strong>do</strong> da luxúria surge no Síno<strong>do</strong> de D. Diogo de Sousa, 24 de Agosto de 1496<br />
relaciona<strong>do</strong> com as mulheres e com bens considera<strong>do</strong>s supérfluos que existiam nas suas casas: «e nom<br />
soomente se diz luxuria por causa das molheres mas por sobegi<strong>do</strong>om de qualquer cousa que tenhamos pera<br />
nossas pessoas e casas, sem as quaes podemos onestamente viver, asi como joias, vesti<strong>do</strong>s, casas e atabios<br />
dellas e outras cousas», in A. Garcia Y Garcia, (ed.), et alii, Synodicon Hispanum…, p.407. Deste mo<strong>do</strong>,<br />
as jóias e vesti<strong>do</strong>s são bens que normalmente estão associa<strong>do</strong>s à vaidade, à sensualidade e à sedução, como<br />
verificamos também em textos literários, caso da «Vida de Santa Pelágia», e seus ornamentos e colares de<br />
ouro, cf. Luiz Fagundes Duarte, «Vida de Santa Pelágia», in Ivo Castro, (ed.), et alii, Vidas de Santos de um<br />
Manuscrito Alcobacense, Lisboa, Centros de Estu<strong>do</strong>s Geográficos, Instituto Nacional de Investigação<br />
Científica, 1985, p.21.<br />
22