25.04.2013 Views

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

B. Horto do Esposo - Universidade Aberta

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

luxuria. Las preguntas que se deven fazer deste peca<strong>do</strong> e que se fagan com cordura» 80 ),<br />

nomeadamentre nas palavras utilizadas, de mo<strong>do</strong> a não sugerir pensamentos que poderiam<br />

levá-los efectivamente à tentação e ao peca<strong>do</strong> ou à não confissão, por vergonha <strong>do</strong>s seus<br />

peca<strong>do</strong>s («e guarda non le digas tu destas torpedades ninguna cosa» 81 , «E non demandes<br />

mas descubierto de tales cosas, ca es muy grand peligro, salvo que lo esforçaras com<br />

buenas palabras e honestas la persona que non encubra nada por verguença.» 82 ).<br />

Relativamente às perguntas que o confessor deveria fazer, sabemos que deveriam de ser<br />

idênticas para ambos os sexos, representativas <strong>do</strong> envolvimento e da participação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

sexos nos peca<strong>do</strong>s de luxúria: «demandaras en este peca<strong>do</strong> e en to<strong>do</strong>s los otros, e son estas<br />

generalmente: quien peco, que peca<strong>do</strong> fizo e <strong>do</strong> lo fizo e a quien o con quien lo fizo,<br />

quantas vegadas e por que e commo e quan<strong>do</strong>; […] E demandaras esas mismas cosas a la<br />

muger» 83 . Assim, competia ao confessor indagar 84 , por exemplo, se o homem fazia<br />

«forniçio» com mulher solteira, casada, ou virgem; se a mulher tinha si<strong>do</strong> tomada por força<br />

ou se «por arte o por engaño» 85 ; se houvera promessas de casamento; se fora tomada sem o<br />

consentimento <strong>do</strong>s parentes, se havia laços de parentesco entre si 86 , se era cunhada ou<br />

religiosa; ou apenas mulher com voto de castidade e se envolvera alguma mulher em «amor<br />

malo» 87 , se praticara o peca<strong>do</strong> da luxúria em noites e em dias de festas, e quais, ou se em<br />

dias de jejum; se em lugar sagra<strong>do</strong>, e em qual, e se em tempo de sangue menstrual 88 («Si en<br />

tienpo e la sangre fluxo». 89 ).<br />

80<br />

Ibidem, p.47.<br />

81<br />

Ibidem, p.48.<br />

82<br />

Ibidem, p.49.<br />

83<br />

Ibidem, p.48.<br />

84<br />

Lembramos que em Trata<strong>do</strong> de Confissom era peca<strong>do</strong> grave a relação física com virgens e viúvas, sob<br />

pena de o homem ter de casar com a mulher com quem pecara. Através da lista de «peca<strong>do</strong>ras»,<br />

sabemos que o homem cometia peca<strong>do</strong> com casadas e solteiras, peca<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> pelo facto de a mulher<br />

ser da sua família, «per uemtura sera sua parenta ou cunhada […] moura ou iudia», p.47. Verificamos<br />

que a penitência era igual para o homem e para a mulher.<br />

85<br />

M. Pérez, Libro…, p.47.<br />

86<br />

Ibidem, p.47. Verificamos que as mulheres que tenham peca<strong>do</strong> com parente devem jejuar vinte e um anos e<br />

jamais tornar a este peca<strong>do</strong>.<br />

87<br />

Ibidem, p.48.<br />

88<br />

Ideia presente já no Livro <strong>do</strong> Levítico: «Se um homem tiver relações com a mulher menstruada, a impureza<br />

dela atingi-lo-á, e ele ficará impuro durante sete dias.», 15, 24. Ainda no mesmo Livro se refere: «Se um<br />

homem <strong>do</strong>rmir com uma mulher durante a menstruação, e tiver relações sexuais, descobrin<strong>do</strong> a fonte <strong>do</strong><br />

sangue, os <strong>do</strong>is serão elimina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu povo.», 20, 18.<br />

89<br />

M. Pérez, Libro…, p.48. Segun<strong>do</strong> Jacques Le Goff e Nicolas Truong, a inferioridade da mulher advém da<br />

sua menstruação e as relações sexuais durante este perío<strong>do</strong> eram a causa da lepra nos seus filhos: «Uma das<br />

muitas razões da situação de relativa inferioridade da mulher na Idade Média é imputável às suas<br />

menstruações, embora Anita Gueneau-Jalabert observe que a teologia medieval não retomou os interditos<br />

lança<strong>do</strong>s pelo Antigo Testamento sobre as mulheres menstruadas. Transgredir o interdito eclesiástico que<br />

impede os casais de copular durantes as regras da mulher teria como consequência dar vida a crianças com<br />

lepra, «<strong>do</strong>ença <strong>do</strong> século», diríamos hoje, que encontra aí a sua explicação mais corrente. Também o esperma<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!