Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ção e elaboração. Como se vê, o decisivo é defesa da utopia de uma<br />
arte autônoma e de uma política de massas, progredindo por rupturas<br />
em direção ao exercício da transformação da sociabilidade mais ampla.<br />
Essa concepção utópica, aprendida no Manifesto “Por uma arte<br />
revolucionária independente”, foi perseguida por Pedrosa, que entretanto<br />
soube ver, no percurso da história, a configuração de suas crises<br />
e de seus impasses.<br />
De fato, no final de sua vida, já diante do naufrágio das utopias construtivas<br />
na arte moderna, na vida social brasileira (após o Golpe Militar<br />
de 1964 e o fim da etapa desenvolvimentista) e da virada liberal do<br />
capitalismo internacional, ele percebeu a relativa falência da forma de<br />
intervenção que a arte moderna representou: “A sociedade de consumo<br />
de massas não é propícia às artes”, e especialmente “à arte moderna,<br />
com suas exigências de qualidade e não ambiguidade”. Por isso era<br />
inevitável perceber que uma “arte pós-moderna” tinha início:<br />
É que entre aquela e o povo, a sociedade de consumo de massa se interpôs<br />
pela comunicação de massa que deu à imagem uma força atributiva<br />
maior do que a palavra, e forneceu à indústria, ao poder da publicidade,<br />
suas invencíveis armas ofensivas. A chamada cultura de massa e arte<br />
de massa já não tem, entretanto, forças para deter a debandada geral<br />
(PEDROSA, 1998, p. 282-283).<br />
Esse “esvaziamento” utópico levou Mário de volta ao desejo da intervenção<br />
política, ao retorno ao partido socialista de modo a salvar<br />
a utopia que a arte não podia mais reter em si e exercitar livre e experimentalmente.<br />
No final dos anos 1970 (perto de sua morte), de<br />
novo mais crítico socialista da cultura política do que crítico da política<br />
das artes, ele avaliava a conjuntura político-cultural atacando tanto o<br />
flanco dos velhos vanguardistas da arte quanto das velhas políticas dos<br />
comunistas da América Latina.<br />
Desde as ditaduras militares na América Latina e a Guerra do Vietnã<br />
até o final de sua vida, Pedrosa iria reunir em seu esforço de interven-<br />
ção política uma série de textos e ações destinados a repensar a atuação<br />
política em tempos de transformações da ordem capitalista mundial.<br />
Nesse sentido é que elaborou dois alentados volumes e diversas reflexões<br />
sobre a nova face do imperialismo norte-americano, sobre o<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />
109