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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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a modulação, as transformações da energia de fluxo que tornam o<br />

corpo mais ou menos leve no interior de uma leveza adquirida (a da<br />

posição de pé e a do movimento dançado).<br />

As duas barreiras que limitam de fora a esfera do movimento – o peso<br />

real do corpo inerte; a leveza máxima nunca atingida – nunca são<br />

vividas pelo bailarino como dados atuais; mas apenas como virtualidades<br />

que, se se atualizassem, destruiriam o seu movimento dançado.<br />

O peso específico virtual é a resultante da soma destes dois vetores<br />

contrários (GIL, 2004, p. 21).<br />

Esse esforço do bailarino para vencer o peso do seu corpo objetivo,<br />

corpo-objeto, demonstra ainda uma espécie de saída, um deslocamento<br />

da posição comum do corpo, de uma atitude comum, para<br />

um desequilíbrio do corpo, a dança como um Neutro, um desvio,<br />

uma abertura de sentido (levantar o braço, ato em si, ato incorporado,<br />

quando o braço é o próprio inteiro do corpo e, ao mesmo tempo, ato<br />

para nada). José Gil diz ainda que o bailarino “sai deliberadamente<br />

da postura do homem comum para se deslocar desde o início na dificuldade:<br />

desequilibra-se” (GIL, 2004, p. 21). Gonçalo M. Tavares,<br />

por sua vez, pergunta no fragmento 74 do Livro da dança, intitulado<br />

“Definição de função”, acerca do movimento dançado de sua escrita<br />

inserida no espaço contemporâneo da história e, também, ao mesmo<br />

tempo, fora da história: “O que é a dança que já não se deve dançar?<br />

/ [...] / O que é o corpo que dança bem? / O que é o dançarino?” E<br />

responde, como se gritasse a si mesmo e de si mesmo, o escritor, que<br />

traz a si o milagre para fugir do seu peso de corpo-objeto e do seu cadáver:<br />

“É o COVEIRO! É o COVEIRO!” (TAVARES, 2001, p. 90). Outro<br />

exemplo, que pode prosseguir acerca dessa inserção, é o poema<br />

“Dansa”, com “s”, do livro 1 9 . A inserção agora aparece de maneira<br />

formal na língua do poema, é a grafia da palavra que erra e se move,<br />

“metodicamente sem método”:<br />

9 O poema “Dansa” faz parte do conjunto de poemas que formam o livro<br />

cinco, intitulado Homenagem, do livro 1 (2004).<br />

132 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 114-147 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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