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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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como se fosse procedimento metodológico válido construir e manusear<br />

conceitos a priori, sem raiz na observação criteriosa dos fatos.<br />

Em sua obra, aliás, não há discussão doutrinária ou embates em torno<br />

dos textos clássicos do marxismo. A história – a realidade social em<br />

seu vir-a-ser – sempre foi para ele mais importante. Uma conhecida<br />

passagem de A revolução brasileira (publicado em 1966) é exemplar<br />

de seu modo de pensar:<br />

No Brasil, talvez mais que em outro lugar, a teoria da revolução, na<br />

qual direta ou indiretamente, deliberada ou inadvertidamente, se inspira<br />

todo pensamento brasileiro de esquerda, e que forneceu mesmo<br />

os lineamentos gerais de todas as reformas econômicas fundamentais<br />

propostas no Brasil, a teoria marxista da revolução se elaborou sob o<br />

signo de abstrações, isso é, de conceitos formulados a priori e sem<br />

consideração adequada dos fatos; procurando-se posteriormente, e<br />

somente assim – o que é o mais grave – encaixar nesses conceitos a<br />

realidade concreta. Ou melhor, adaptando-se aos conceitos aprioristicamente<br />

estabelecidos, e de maneira mais ou menos forçada, os fatos<br />

reais (PRADO JR., 1978, p. 33).<br />

Não há confiança e empolgação em suas análises, por mais que ele<br />

também tenha sido seduzido pela revolução que ocorria na União<br />

Soviética e por mais que tenha estabelecido relações regulares e bastante<br />

disciplinadas com o Partido Comunista Brasileiro. Ao contrário,<br />

há nele muita prudência prospectiva e muito realismo político. A “teorização<br />

às avessas que vai dos conceitos aos fatos e não inversamente”<br />

pesaria como uma bola de chumbo sobre as esquerdas do país,<br />

impedindo-as de alcançar formulações que estivessem efetivamente<br />

sintonizadas com as situações concretas:<br />

A política revolucionária ficou exposta ao sabor das circunstâncias<br />

imediatas, oscilando continuamente entre os extremos do sectarismo<br />

e do oportunismo, e sem uma linha precisa capaz de orientar seguramente,<br />

em cada momento ou situação, a ação revolucionária (PRADO<br />

JR., 1978, p. 34).<br />

156 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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