O JOGO DA CAPOEIRA NO CONTEXTO ANTROPOLÓGICO E ...
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A ciência e a construção do conhecimento estão estruturadas de forma a<br />
promover essa fragmentação teórica para, num segundo momento, tentar estabelecer as<br />
relações das partes com o todo. Porém, será esse o caminho para a construção do<br />
conhecimento? Penso que o avanço da ciência está em fazer o caminho inverso, em<br />
reestruturar o conhecimento a partir de suas relações de totalidade, entendendo esse<br />
todo enquanto unidade – síntese e diversidade. Dessa maneira, aprendemos, no<br />
pesquisar, a dinâmica dialética em que se pode dar a dimensão da produção do<br />
conhecimento, considerando os sujeitos enquanto produtores de saberes.<br />
Neste momento, percebe-se a necessidade humana de criar e recriar suas<br />
formas de vida. A inteligência, a sensibilidade e a criatividade possibilitam a produção<br />
cultural e a construção social e coletiva da sociedade de forma particular e específica, em<br />
que se encontram valores universais no particular e vice-versa. Esta percepção está<br />
sempre presente no cotidiano dos capoeiras, pois é mais fácil viver essas características<br />
na prática do dia a dia do que nos discursos sociais.<br />
Em retorno ao fragmento inicial de Rubem Alves reforça-se a idéia de que os<br />
fenômenos são compostos de aspectos quantitativos e qualitativos indissociavelmente,<br />
então, a construção do conhecimento a respeito dos fenômenos também precisa ser<br />
pensada como totalidade. “Há os pianos. Há a música. Ambos são absolutamente reais.<br />
Ambos são absolutamente diferentes. Os pianos moram no mundo das quantidades.<br />
Deles se diz: “como são bem feitos!” A música mora no mundo das qualidades. Dela se<br />
diz: “como é bela”. Precisa-se de pianos e músicas, de berimbaus e tocadores, de gestos<br />
e de companheiro para jogar, de precisão nos movimentos e significados para se<br />
movimentar.<br />
Iê Câmara!<br />
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