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Lavrar e publicar o decreto, no entanto, não eram atos suficientes para garantir<br />
a abertura <strong>da</strong> emissora, já que seria necessário importar os equipamentos, o que só<br />
poderia ser feito mediante a autorização do Governo Federal. No entanto, o Presidente<br />
Washington Luís nem imaginava que o chefe do Serviço Radiotelegráfico<br />
de Minas já havia comprado o equipamento desativado <strong>da</strong> <strong>Rádio</strong> Nacional. Além<br />
do transmissor, o almoxarife <strong>da</strong> emissora federal enviou instruções para a montagem<br />
de receptores, agilizando, assim, o processo de implantação <strong>da</strong> rádio pioneira<br />
em Belo Horizonte. A programação dos primeiros anos se diversificava entre a<br />
música erudita e os informativos.<br />
No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1940, a <strong>Rádio</strong> Mineira tinha se incorporado ao grupo<br />
Diários e Emissoras Associados. “Os Diários Associados estavam em grande<br />
ascensão naquele tempo, compravam tudo aqui e fora” (RODRIGUES, 2002,<br />
p. 425). O que caracterizava a emissora nessa época era a abor<strong>da</strong>gem política<br />
e cultural, típica <strong>da</strong>s primeiras déca<strong>da</strong>s de atuação do rádio no Brasil e em<br />
Minas 1 . A repercussão <strong>da</strong> radiofonia, no entanto, já era certa. “Considera<strong>da</strong> no<br />
início apenas uma brincadeira curiosa, a radiodifusão se tornou uma arma de<br />
influência em todos os campos, tendo poder decisivo quer no campo social ou<br />
político e econômico, quer no campo religioso, educacional ou cultural” (TA-<br />
VARES, 1999, p. 59).<br />
Sob a direção dos Diários Associados 2 , a emissora viveu sua plenitude na metade<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1960. “[...] a <strong>Rádio</strong> Mineira, no período de 1965 a 1969, faturou<br />
mais do que desde 1931, quando de sua inauguração” (SILVA, 2006, p. 18). O<br />
faturamento expressivo era consequência <strong>da</strong> boa audiência. Pesquisas <strong>da</strong> época<br />
indicam que 85% motoristas dirigiam ouvindo a Mineira.<br />
A receptivi<strong>da</strong>de significativa <strong>da</strong> rádio era atribuí<strong>da</strong> à combinação música/jornalismo,<br />
que ancorava a programação. A partir de modelos americanos, José Mauro<br />
criou a Plenimúsica, uma sequência de blocos musicais e comerciais, formato comum<br />
a to<strong>da</strong>s as FMs de hoje. O informativo se chamava Factorama e também<br />
carregava uma inovação: as notícias eram <strong>da</strong><strong>da</strong>s num tom intimista e descontraído,<br />
como se o locutor estivesse conversando com o ouvinte. “Em 1967, já de volta a<br />
Belo Horizonte, percebi que a <strong>Rádio</strong> Mineira tinha se tornado uma coqueluche.<br />
Não só eu, mas quase todo mundo na ci<strong>da</strong>de adorava a sua programação. Ain<strong>da</strong><br />
mais depois que foi implantado o esquema vitorioso <strong>da</strong> Plenimúsica e do Factorama”<br />
(SILVA, 2006, p.18). A seleção musical era criteriosa, contemplando produções<br />
1 Detalhes <strong>da</strong> história do rádio em Minas, até os anos 1960, no texto História sonora de uma ci<strong>da</strong>de: Belo<br />
cenário para um novo Horizonte radiofônico, de Wanir Campelo.<br />
2 Um dos diretores dos Diários Associados nessa época era o jornalista José Mauro (1916-2004), o principal<br />
responsável pelas inovações <strong>da</strong> <strong>Rádio</strong> Mineira.<br />
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