Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
tões do poder público local. O programa se tornou rapi<strong>da</strong>mente uma referência,<br />
com notícias, reportagens, debates e entrevistas. Outros programas foram surgindo<br />
e ampliando as vozes dos atores sociais na esfera pública, como o programa<br />
<strong>da</strong>s associações comunitárias (“Associações e Associados”), do pessoal <strong>da</strong> saúde<br />
mental (“Maluco Beleza”). Questões de saúde eram abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s e havia presença<br />
constante de especialistas de diversas áreas falando sobre diversos assuntos, principalmente<br />
aqueles que afetavam o cotidiano do Município e ganhando espaço<br />
ca<strong>da</strong> vez maior nas on<strong>da</strong>s <strong>da</strong> InterFM. Até 2008, apesar de algumas contradições,<br />
a rádio cumpriu exemplarmente o seu papel de rádio comunitária, funcionando<br />
de forma independente e pluralista, tornando-se uma forte referência na esfera<br />
pública do Município.<br />
No final de 1998 e no início de janeiro de 1999, o programa deu ampla cobertura<br />
à abertura de uma comissão processante aberta pela Câmara Municipal contra<br />
o que julgava como desmandos do prefeito. A rádio cobriu todos os detalhes<br />
com o acompanhamento atento e mobilizador <strong>da</strong> população nesse processo até<br />
que o prefeito foi cassado no dia 11 de janeiro de 1999.<br />
Durante as eleições municipais de 2000, 2004 e 2008, a <strong>Rádio</strong> InterFM promoveu<br />
amplos debates com os candi<strong>da</strong>tos a prefeito, que foram acompanhados<br />
atentamente pela população, que fazia críticas e comentários ao desempenho de<br />
ca<strong>da</strong> um por meio de centenas de telefonemas para decidir o seu voto, o que deixava<br />
os canais telefônicos <strong>da</strong> emissora completamente congestionados.<br />
A <strong>Rádio</strong> foi fecha<strong>da</strong> mais uma vez pela Anatel. Em 1999, consegue se regularizar,<br />
recebendo a outorga, em conformi<strong>da</strong>de com a Lei 9.612, de 1998.<br />
As três experiências aqui cita<strong>da</strong>s mostram como a utopia comunicacional radiofônica<br />
comunitária funcionou, delibera<strong>da</strong>mente ou não, por parte de diferentes<br />
atores sociais e com resultados positivos no que diz respeito à democratização<br />
<strong>da</strong> esfera pública e a mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />
Também podemos dizer que o sucesso de uma e outra emissora teve muito<br />
a ver com os seus propósitos e a maneira como atuaram e interagiram com o<br />
público, pois a simples presença e o crescimento dos meios de comunicação de<br />
massa locais ou comunitários não promovem automaticamente a democratização<br />
<strong>da</strong> comunicação e a reconfiguração democrática <strong>da</strong> esfera pública local ou uma<br />
profícua interação social e radiofônica. É necessário que os seus propósitos estejam<br />
afinados com as mensagens radiofônicas e que estas tenham relevância para<br />
os interlocutores, a partir de laços afetivos estabelecidos com o público.<br />
No entanto, não acontece assim em to<strong>da</strong>s as rádios, e uma série de fatores<br />
contribuem para limitar os propósitos <strong>da</strong> utopia comunicacional, inclusive nas<br />
próprias experiências aqui relata<strong>da</strong>s, como veremos a seguir.<br />
182