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Câmara dos Deputados quando <strong>da</strong> votação <strong>da</strong> matéria, sabedor de que haveria<br />
forte pressão contra sua iniciativa.<br />
Como pôde um ouvinte, de profissão não conheci<strong>da</strong>, tornar-se o produtor de<br />
um programa radiofônico, fazer várias ligações (interurbanas) com os próprios<br />
recursos e agen<strong>da</strong>r uma entrevista com autori<strong>da</strong>de do Congresso Nacional? E<br />
onde ele buscou tamanha confiança a ponto de acreditar que poderia falar em<br />
nome <strong>da</strong> emissora para agen<strong>da</strong>r a conversa? Como reuniu forças para convencer<br />
a secretária e o senador de que falava sério e – de fato – em nome de uma rádio<br />
de prestígio no terceiro maior Estado do País? Por que o repórter não o impediu,<br />
dizendo que tal providência só poderia ser toma<strong>da</strong> por alguém <strong>da</strong> própria emissora?<br />
E como pôde o repórter, na hora <strong>da</strong> entrevista, ain<strong>da</strong> confessar a “intromissão”<br />
revelando a todos os ouvintes a autoria <strong>da</strong> produção <strong>da</strong>quela reportagem? Note-se<br />
que não falamos de uma emissora comunitária, restrita a uma pequena região, mas<br />
a uma rede de 59 emissoras, interliga<strong>da</strong>s via satélite e lidera<strong>da</strong>s pela Itatiaia, que<br />
tem, em média, 1,7 milhões de diferentes ouvintes por mês 2 .<br />
22<br />
O rádio<br />
Não há como falar no veículo que inaugurou a comunicação eletrônica no<br />
Brasil sem lembrar a frase de um dos seus principais pioneiros, Edgar Roquette<br />
Pinto, no começo dos anos vinte do século passado e persiste como uma espécie<br />
de man<strong>da</strong>mento para os jornalistas de hoje que passam pelos bancos de facul<strong>da</strong>de<br />
antes de irem para as re<strong>da</strong>ções: “O rádio é o jornal dos que não sabem ler,<br />
é o mestre de quem não pode ir à escola, é o divertimento gratuito do pobre”.<br />
A afirmação do educador apaixonado pelo rádio continua atual porque, oito<br />
déca<strong>da</strong>s depois e após impensáveis inovações tecnológicas acumula<strong>da</strong>s, o único<br />
meio de informação que continua gratuito, fácil e portátil ain<strong>da</strong> é o rádio. Para<br />
se ter acesso à televisão aberta é necessário adquirir um aparelho a preço ain<strong>da</strong><br />
não acessível a parcela considerável de brasileiros, ter sinal (antena ou cabo),<br />
dispor de energia elétrica (as TVs movi<strong>da</strong>s a baterias ou pilhas são em número<br />
insignificante) e exercer o ato de assentar-se diante do aparelho. Um radinho a<br />
pilha comprado por dez reais pode ser o companheiro para quem se ajeita no<br />
sofá para ouvi-lo, mas também é apropriado para o operário que constrói uma<br />
casa e para o trabalhador que roça a lavoura, ou para a costureira, a cozinheira, o<br />
motorista. Enfim, o rádio informa, educa e diverte sem exigir exclusivi<strong>da</strong>de de<br />
atenção ou pagamento mensal.<br />
2 Fonte: Ibope, mês de julho 2008.