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vres. Em contraparti<strong>da</strong>, o Estado, as emissoras comerciais e aqueles que são contrários<br />
aos movimentos pela radiofonia comunitária, as denominam de piratas,<br />
ilegais ou clandestinas, sujeitas ao rigor <strong>da</strong> lei.<br />
Em seu conjunto, as rádios comunitárias, legaliza<strong>da</strong>s ou não, inclusive as<br />
webradios, não importando sua denominação, constituem um universo expressivo<br />
e criativo <strong>da</strong> comunicação eletrônica em todo o Brasil.<br />
Em princípio, a perspectiva <strong>da</strong>s rádios comunitárias em relação aos processos<br />
comunicativos é a de que elas promovam a interação mútua entre o emissor e o seu<br />
público, evitando serem meras propagadoras de opiniões e de mensagens verticaliza<strong>da</strong>s,<br />
como acontece na mídia convencional. Sendo assim, o ouvinte, o público<br />
ou a audiência emergem do pressuposto de que haja uma forte interação entre a<br />
produção e a recepção <strong>da</strong>s mensagens radiofônicas, devendo prevalecer os interesses<br />
público e coletivo e a ampla possibili<strong>da</strong>de de expressão por parte <strong>da</strong>s diferentes opiniões<br />
que circulam na comuni<strong>da</strong>de ou entre o público <strong>da</strong>s rádios comunitárias. É o<br />
que John Downing chama de audiência ativa, em contraposição à audiência passiva<br />
dos meios eletrônicos convencionais e comerciais (DOWNING, 2002).<br />
Em outras palavras, a utopia comunicacional radiofônica comunitária traz consigo<br />
um novo paradigma, que é o de trabalhar com as possibili<strong>da</strong>des de se promover<br />
uma comunicação de mão dupla. Além disso, o contexto <strong>da</strong> transmissão não<br />
deve ser estranho ao público, mas próximo e familiar, o que facilita a interação<br />
entre os interlocutores.<br />
Teoricamente, esse tipo de transmissão possibilita romper com as práticas discursivas<br />
que impõem o “silêncio” e a hegemonia <strong>da</strong>s opiniões dominantes na mídia<br />
comercial volta<strong>da</strong> apenas para o interesse comercial ou, delibera<strong>da</strong>mente ou<br />
não, volta<strong>da</strong>s mais para o controle <strong>da</strong> opinião pública do que para sua livre expressão.<br />
Com esses propósitos, as rádios comunitárias estão a indicar novas formas de<br />
construção <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> pública e um novo paradigma comunicacional.<br />
O que torna possível tal utopia é a crescente expansão e a implantação de diversas<br />
experiências leva<strong>da</strong>s ao ar por diferentes rádios comunitárias em todo o País,<br />
<strong>da</strong>ndo oportuni<strong>da</strong>de de emergirem em diferentes vozes e situações no cenário<br />
público, enfatizando a interativi<strong>da</strong>de entre a emissora e o seu público. Esse tipo<br />
de mídia em contextos locais pode tornar-se capaz de reconfigurar, mobilizar e<br />
reestruturar a esfera pública local e a relação com outras comuni<strong>da</strong>des e enti<strong>da</strong>des<br />
públicas e priva<strong>da</strong>s com quem interage.<br />
Seguindo a definição de Gisele Ortriwano (1985), existem dois tipos de rádio.<br />
Há a rádio de alta estimulação sonora, que é permanente e possui um caráter de<br />
urgência: aqui e agora, o fato e a notícia. Porém, existe também a rádio de baixa<br />
estimulação, que é desmobilizadora, caracteriza<strong>da</strong> como emissora de lazer e rela-<br />
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