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79 Rádio Amiga da Cidade

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com o modelo midiático de comunicação caracterizado pelo monopólio <strong>da</strong> palavra<br />

e <strong>da</strong> interpretação sobre os fatos e os acontecimentos. Nessa mesma direção as<br />

reivindicações comunitárias por obras, serviços e assistência ganham visibili<strong>da</strong>de<br />

no espaço público <strong>da</strong>s rádios comunitárias. Com isso o novo paradigma comunicacional<br />

radiofônico ensejado se propõe a <strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong>de à ação e aos discursos<br />

de diferentes atores sociais que hoje estão confinados ao silêncio pela mídia convencional<br />

para que possam atuar no espaço público e interferir em ações políticas<br />

e sociais.<br />

Pressupõe-se, nesse contexto, que as emissoras radiofônicas comunitárias sejam<br />

idealmente considera<strong>da</strong>s como espaços de organização social, indutoras do estabelecimento<br />

de pautas e temas de determina<strong>da</strong>s coletivi<strong>da</strong>des e instâncias para<br />

se invocar a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s instituições diante do interesse comunitário.<br />

Tornam-se assim as emissoras comunitárias em agentes de mu<strong>da</strong>nças e corresponsáveis<br />

pela tematização 6 de determinados assuntos na esfera pública na qual<br />

atuam em consonância com os campos de interesse público e a mobilização <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de em seu entorno.<br />

Esse processo contribui para fazer emergir o ideal de um espaço comunicativo<br />

criador e democrático, onde deve estar presentes à plurali<strong>da</strong>de de opiniões e de<br />

informações enquanto fórum de discussão, denúncia, mobilização, registro sensível<br />

do cotidiano social e promoção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, o que estamos chamando de<br />

utopia comunicacional radiofônica comunitária, como veremos a seguir.<br />

A utopia comunicacional radiofônica comunitária<br />

Se, de um lado, a maioria <strong>da</strong>s experiências de rádios populares ou comunitárias<br />

funciona ao arrepio <strong>da</strong> lei, algumas assim o fazem conscientemente como um ato<br />

de desobediência civil diante do que consideram um arbítrio – a intervenção e a<br />

regulamentação do Estado que têm como um obstáculo à livre expressão em contradição<br />

com o artigo 5º <strong>da</strong> Constituição Federal. Por outro lado, é nesse mesmo<br />

contexto que emergem os vários movimentos populares pela democratização <strong>da</strong><br />

comunicação, que criam ou estimulam a implantação <strong>da</strong>s emissoras radiofônicas<br />

comunitárias, sob diferentes denominações: comunitárias, populares ou rádios li-<br />

6 Entendo como tematização a relevância e o tratamento <strong>da</strong>dos a determinado(s) tema(s) em um conjunto<br />

infinito de temas, facilitando a atenção do público a partir <strong>da</strong> redução de sua complexi<strong>da</strong>de. Significa que a<br />

tematização é um processo de seleção, hierarquização e valorização de determinados assuntos, visando facilitar<br />

a sua discussão por parte dos públicos que constituem a esfera pública. A comunicação processa<strong>da</strong> pelo<br />

campo midiático torna-se responsável pela “pe<strong>da</strong>gogização” dos temas, tornando os seus conteúdos claros e<br />

inteligíveis para o maior número possível de pessoas e, simultaneamente, contribuindo para que sejam processados<br />

pelo sistema político em termos operacionais ou decisórios.<br />

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