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Prefácio<br />
Há males que vêm para bem. A precarie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s telecomunicações neste País<br />
continental retardou em muitas déca<strong>da</strong>s a viabilização de redes nacionais de rádio,<br />
como as que já existiam na déca<strong>da</strong> de 1930 nos Estados Unidos. O resultado positivo<br />
disso foi que a criativi<strong>da</strong>de brasileira se desdobrou no desenvolvimento de<br />
múltiplas e vigorosas experiências regionais, que reinventaram o uso desse meio<br />
de comunicação, com o sabor <strong>da</strong>s culturas de ca<strong>da</strong> um dos Estados brasileiros.<br />
Nesse contexto, sem dúvi<strong>da</strong> nenhuma, o jeito mineiro de pensar e de fazer rádio<br />
está entre os que mais merecem ser conhecidos e estu<strong>da</strong>dos pelo País afora: “o<br />
rádio de Minas desafia a lógica <strong>da</strong>s redes nacionais de reprodução de conteúdos<br />
padronizados”, diz um dos textos deste livro. E, como observa outro, “se a história<br />
e a memória do rádio no Brasil, com raríssimas exceções, são escritas pelo<br />
esquecimento e pelo abandono”, esta obra coletiva, coordena<strong>da</strong> pela professora<br />
Nair Prata, vem preencher uma importante lacuna nos estudos brasileiros de comunicação.<br />
Ao final <strong>da</strong> primeira déca<strong>da</strong> do século XXI, o rádio dá sinais renovados de sua<br />
vitali<strong>da</strong>de entre nós. A indústria Sony contabiliza a produção e a ven<strong>da</strong> de um<br />
milhão de radinhos de pilhas no País nesse último ano, e não são computados<br />
aí os aparelhos de procedência duvidosa, adquiridos pela população no mercado<br />
informal. A indústria automobilística anuncia que despejou nas ruas um total de<br />
três milhões de veículos, entupindo-as mais e prolongando a audiência do rádio<br />
durante os engarrafamentos de trânsito. Uma pesquisa do Instituto Vox Populi<br />
coloca o rádio como a mídia que desperta mais credibili<strong>da</strong>de entre os brasileiros<br />
em 2009, embora não seja considera<strong>da</strong> a mídia mais importante. Mas, soma<strong>da</strong> a<br />
audiência doméstica com a que se constata no trabalho, no lazer e no trânsito, é<br />
provável que o rádio continue sendo o meio que tem mais público no País durante<br />
18 horas por dia (perdendo para a TV apenas <strong>da</strong>s seis <strong>da</strong> tarde à meia-noite),<br />
como foi constatado há uma déca<strong>da</strong>. Isso porque estamos atrasados na implantação<br />
do rádio digital, que em breve poderá chegar também aos 160 milhões de<br />
celulares já em uso pelos brasileiros.<br />
“Gratuito, fácil e portátil”, companheiro fiel e prestador incansável de informação<br />
e de serviço para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Do auditório de calouros feito esporte <strong>da</strong>s<br />
multidões ao Mineirão feito programa de auditório, o rádio encontrou seu “jei-<br />
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