Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
xamento, com baixos estímulos sonoros e menos urgente. O rádio de mobilização<br />
está voltado para a fala, enquanto o de relaxamento tende para a música. Nessa<br />
definição é que se enquadram as rádios comunitárias, que são volta<strong>da</strong>s para uma<br />
programação de alta estimulação e procuram tornar o ouvinte participante <strong>da</strong><br />
transmissão, mantendo um ritmo sempre dinâmico, com assuntos de relevância.<br />
O jornalismo é incentivado e o critério <strong>da</strong> proximi<strong>da</strong>de ganha destaque, com o<br />
noticiário tendendo para assuntos locais e para a apresentação de serviços à comuni<strong>da</strong>de<br />
(ORTRIWANO, 1985).<br />
Outro fator que contribui para a realização <strong>da</strong> utopia comunicacional radiofônica<br />
é a desburocratização <strong>da</strong>s emissoras, que facilita a participação do público na<br />
produção, transmissão e recepção. A entra<strong>da</strong> de diferentes vozes, temas ou assuntos<br />
em diferentes momentos <strong>da</strong> transmissão radiofônica através de telefonemas,<br />
ou ao vivo, permite potencializar a interação com o público e simbolicamente<br />
criar o sentimento de identificação e pertencimento <strong>da</strong> rádio ao público (TANU-<br />
RI, 2002).<br />
No contexto <strong>da</strong> emissão comunitária prevalece a instantanei<strong>da</strong>de e a coloquiali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> interação com o ouvinte, em função de que ambos compartilham de um<br />
universo cultural e social próximos, fazendo com que os fatores referenciais <strong>da</strong> locução<br />
e <strong>da</strong> interpretação não sejam estranhos aos interlocutores (TANURI, 2002).<br />
Devido à proximi<strong>da</strong>de, à instantanei<strong>da</strong>de e à coloquiali<strong>da</strong>de, torna-se possível estabelecer<br />
um produtivo feedback, onde problemas e signos são compartilhados, estimulando<br />
o surgimento de novos referenciais para a ação social e simbólica.<br />
Em geral, as rádios comunitárias buscam atuar no campo <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de comunitária,<br />
reiterando as suas características geográficas e culturais com o desvelamento<br />
de seus virtuais aliados ou antagonistas (Estado, instituições públicas<br />
e priva<strong>da</strong>s, ou responsáveis pela solução ou causa de problemas de interesse comunitário).<br />
Ao colocar no ar a sua programação, valoriza o público e as pessoas<br />
e eventos locais que se destacam na solução de problemas e atendimento às reivindicações<br />
por obras e serviços <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des, dos políticos ou órgão públicos<br />
como fator de mobilização social, além de transmitir informações utilitárias e<br />
educativas para a população. Tais questões servem para amenizar e se contrapor<br />
também ao caráter clientelista e personalista dos políticos tradicionais.<br />
Também é relevante dizer que, com o boom <strong>da</strong>s emissoras comunitárias, diferentes<br />
movimentos pela democratização <strong>da</strong> comunicação promovem oportuna e<br />
pertinente discussão pública a favor <strong>da</strong> democratização e contra o monopólio <strong>da</strong><br />
comunicação. Nesse contexto, diferentes movimentos ou grupos populares lutam<br />
para ampliar a atual legislação sobre os meios de comunicação audiovisuais<br />
regulamentados pelo Estado com a finali<strong>da</strong>de de democratizar a comunicação<br />
178