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TEORIA DA LITERATURA II - Universidade Castelo Branco

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(também chamada num sentido filosófico, semiótica)<br />

é a ciência dos signos. Seu criador foi C. S. Peirce<br />

(1839-1914), que definiu o signo como um primeiro que<br />

mantém com um segundo, chamado objeto, uma relação<br />

triádica capaz de determinar um terceiro, o<br />

interpretante do sentido do signo. Ou seja, um signo<br />

se traduz por outro signo, no qual se desenvolve. / O<br />

interpretante do signo na mente das pessoas se forma<br />

quando elas se encontram em relação de comunicação<br />

com aquilo que representa alguma coisa para alguém.<br />

/ A semiologia estuda os meios de comunicação, que<br />

podem ser: 1) vocal: ações envolvidas na fala; 2) nãovocal:<br />

comunicações que não se utilizam da fala, como<br />

o gesto, o sinal com o dedo; 3) verbal: comunicações<br />

que não usam a língua codificada. Há comunicações<br />

vocal-verbal, como as palavras; vocal não-verbal,<br />

como a entonação, a ênfase; não-vocal verbal, as<br />

palavras escritas; não-vocal, não-verbal, como os<br />

elementos faciais, os gestos. / Pearce fez a distinção<br />

de ícone, índice e símbolo. O ícone retrata o objeto,<br />

um signo determinado por seu objeto através da<br />

natureza interna dos dois. Por exemplo, uma<br />

onomatopéia ou fotografia. O ícone imita o objeto, tem<br />

pelo menos um traço em comum com ele, como as<br />

caricaturas. / O índice tem uma relação real, causal,<br />

direta com seu objeto, aponta para o objeto, assinalao<br />

É o signo determinado pelo objeto em virtude de<br />

uma relação real que com ele mantém. Por exemplo, a<br />

fumaça índice do fogo. / O símbolo não imita nem indica<br />

nada, mas o representa de maneira arbitrária. É um<br />

elemento determinado pelo seu objeto<br />

convencionalmente, como uma bandeira ou um nome<br />

de batismo. / O ícone imita de fora: a fotografia. O<br />

índice tem uma relação real e contínua com o objeto: a<br />

fumaça em relação ao fogo. O símbolo não tem<br />

nenhuma relação com o simbolizado. Mas o signo<br />

marca sempre a intenção de comunicar um sentido.<br />

Chama-se significação esta relação entre significante<br />

e significado. Quando um significante se refere ou<br />

sugere vários significados há literariedade.”<br />

(Conferir: SAMUEL, Rogel. Novo Manual de Teoria<br />

Literária. Petrópolis: Vozes, 2002: 84-85);<br />

¨ Hermenêutica Antiga (religiosa) X Hermenêutica<br />

Literária (profana): “O termo “hermenêutica” tem<br />

origem em Hermes, divindade-intérprete a quem era<br />

confiada a transmissão das mensagens do destino dos<br />

mortais. E, como atividade de interpretação, da<br />

hermenêutica podemos traçar um longo caminho que<br />

vem desde a época clássica ateniense até os nossos<br />

dias. Nosso propósito, no entanto, é aqui apresentar<br />

algumas de suas características atuais, com relação à<br />

crítica literária.<br />

Colocando-se em oposição a uma postura<br />

epistemológica, a hermenêutica substitui a tarefa<br />

analítico-descritiva por um trabalho de interpretação,<br />

que parte do texto e se encaminha para uma reflexão<br />

sobre a essência humana.<br />

Alicerçando-se filosoficamente, os postulados dessa<br />

proposta de compreensão existencial da obra literária<br />

estão hoje ligados, sobretudo, à conceituação de<br />

história de Wilhelm Dilthey, à ontologia [ontologia =<br />

Filosofia que trata do ser enquanto ser, isto é, ser<br />

concebido como tendo uma natureza comum que é<br />

inerente a todos e a cada um dos seres] de Martin<br />

Heidegger e à hermenêutica filosófica de Hans-Georg<br />

Gadamer. (...)<br />

Eduardo Portella esclarece, em seu Fundamento da<br />

Investigação Literária, que para além da estrutura<br />

pronta, do sistema de signos, do texto, constitui-se a<br />

literatura por uma força de criação da linguagem,<br />

energia geradora do texto, que, estando por trás dele e<br />

mantendo-se em permanente tensão com ele, faz com<br />

que seu sentido penetre no não-dito, pelo pré-texto.<br />

O texto poético seria sempre, portanto, um entretexto,<br />

uma entidade dinâmica resultante da tensão texto/prétexto.<br />

E caberia ao intérprete apreender a literatura<br />

enquanto processo de entretextualização, através de<br />

um modelo aberto e transmanente, construído com<br />

consciência de que o sentido da obra não se esgota<br />

numa perspectiva, pois que a imagem poética é, a todo<br />

o tempo, uma coisa nova, nos dirigindo para<br />

possibilidades ilimitadas.<br />

Emmanuel Carneiro Leão, em vários ensaios do seu<br />

Aprendendo a pensar, remete-nos para a necessidade<br />

de uma crítica que se exerça literariamente, para que<br />

mais se aproxime do processo de constituição da obra.<br />

(...)<br />

A razão hermenêutica seria, portanto, conscientemente<br />

inconclusa e antiimpositiva, mantendo, muitas vezes,<br />

a pergunta como única resposta possível, deixando,<br />

tantas vezes, que o poema fale, ao invés de falar por<br />

ele, pois a imagem poética, como lembrou Otávio Paz,<br />

não pode ser explicada com outras palavras, senão<br />

pelas da própria imagem, que, enquanto imagem, já<br />

deixaram de ser simplesmente palavras. A imagem,<br />

segundo o crítico mexicano, nos convidaria sempre a<br />

recriá-la, a revivê-la: proposta que nos parece muito<br />

tem a ver com a da leitura poética.” (Conferir: LOBO,<br />

Luíza. “A Crítica”. In.: SAMUEL, Rogel (Org.). Manual<br />

de Teoria Literária. Petrópolis: Vozes, 1999: 117-119);<br />

“De acordo com Ricoer e Gadamer, a hermenêutica vê<br />

os textos como expressões da vida social fixadas na<br />

escrita, através de fatos psíquicos, de encadeamentos<br />

históricos. Sua interpretação consiste, então, em<br />

decifrar o sentido oculto no aparente e desdobrar os<br />

diversos graus de interpretação ali implicados.<br />

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