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Os estoques eram repostos constantemente, os fregueses aumentavam<br />
à medida que se multiplicavam as ofertas dos comestíveis.<br />
Não houve novidades acerca do desaparecimento de Rachel durante<br />
a terça-feira e na madrugada de quarta-feira nenhuma notícia importante<br />
foi recebida. Enquanto isso, todos comiam, bebiam e falavam.<br />
Líderes não faltaram, logo eles apareceram. Cada um dos grupos era<br />
liderado por um indivíduo e facção diferentes que, durante o processo de<br />
descoberta, aventava hipóteses, teorias, crenças estratégicas distintas da dos<br />
outros grupos rivais.<br />
Um primeiro grupo, seguro de que Rachel havia se perdido na mata<br />
durante sua caminhada, ou por ter ido passear, propunha a chamada urgentíssima<br />
do corpo de bombeiros, pessoal treinado e capacitado <strong>para</strong><br />
realizar <strong>esse</strong> tipo de trabalho. Esse grupo, por conta própria, tomou algumas<br />
providências iniciais: enviou homens acostumados a passeios e<br />
trabalhos na mata, a irem até lá iniciar o trabalho de busca enquanto esperavam<br />
a chegada dos bombeiros já requisitados.<br />
Um segundo grupo, seguro de que ela teria sido sequestrada, propôs,<br />
seguindo o <strong>para</strong>digma imaginado, chamar a polícia e o pessoal especializado<br />
em sequestros. Esse grupo, isoladamente e por conta própria,<br />
não só telefonou <strong>para</strong> a capital, como também enviou dois representantes<br />
da cidade <strong>para</strong> fornecerem mais informações a <strong>esse</strong>s profissionais.<br />
Um terceiro grupo partiu do princípio de que Rachel estava sendo<br />
punida, pois o acontecido era fruto de erros, pecados, coisas mal feitas<br />
dela ou da família. Segundo essa facção, como prescrição, era preciso<br />
acalmar a ira divina, orando e fazendo penitências, bem como promessas<br />
que deviam ser já estabelecidas, caso ela fosse encontrada viva.<br />
Um quarto grupo, chefiado pelo barbeiro da cidade, partiu da<br />
premissa que algo, muito além de sua sabedoria, tinha acontecido.<br />
“Nós estamos diante de um poder fora de nossas mãos”, afirmava o<br />
líder d<strong>esse</strong> grupo.<br />
Como em Lumeeira existiam pessoas que se relacionavam com<br />
espíritos bons e maus, o grupo chefiado por seu líder tomou as providências<br />
necessárias <strong>para</strong> entrar em contato com todos os profissionais<br />
da cidade que merec<strong>esse</strong>m crédito.<br />
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