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Tomou coragem e, com sua voz enrolada e trêmula de bêbado<br />
disse <strong>para</strong> os presentes, enxergando o espectro de Zilda diante dele:<br />
— Eu te adoro! Por que faz pouco de mim? Não gosta mais de<br />
mim? Você é a mulher, é a mulher que sempre quis, a dos meus sonhos.<br />
Amo você mais que tudo, não me abandone. Tente gostar de<br />
mim. Preciso de você. Farei tudo que você desejar <strong>para</strong> que possa viver<br />
comigo. Quero ainda ter filhos com você. Prefiro morrer que ficar<br />
sem sua companhia. Não me abandone, eu lhe peço, eu lhe imploro.<br />
N<strong>esse</strong> momento ia ajoelhar-se diante de Rachel, mas foi impedido<br />
devido ao abraço desta, diante de todos, mais <strong>para</strong> evitar sua queda<br />
do que como atração. N<strong>esse</strong> momento Tomé não mais controlava<br />
suas palavras. Elas eram dirigidas por seu entusiasmo e pelo desespero<br />
de perder Zilda. Impulsos não controlados, não-censurados, saíam<br />
livremente como uma enxurrada que ia carregando tudo que encontrava<br />
à sua frente. Sua fala era produzida sem consciência e também<br />
automaticamente. Trabalhando com suas imagens mentais ilusórias e<br />
não com a realidade externa, percebia uma mistura confusa de representações<br />
mentais agradáveis e dolorosas de Zilda, do que viu e que<br />
sua consciência não queria admitir. Estas imagens se misturavam e ele<br />
continuava com seu discurso diante de todos os parentes espantados<br />
com a inesperada declaração de amor nunca imaginada:<br />
— Minha amada: sempre fui um apaixonado por você, eu a desejo<br />
ardentemente. Sempre quis você ao meu lado. Entretanto, não<br />
pude cuidar de você e criar uma família como queria. Hoje, mais corajoso,<br />
desabafo o que vai dentro de minha alma egoísta. Você merece<br />
ter uma vida melhor que esta que leva.<br />
N<strong>esse</strong> momento, Tomé tomou as mãos de Rachel e as beijou<br />
com ternura. De fato as mãos de Rachel sempre foram bonitas, talvez<br />
a única parte do seu corpo que pud<strong>esse</strong> atrair alguém. Mas ele prosseguiu<br />
embriagado:<br />
— Diante de todos, que servirão de testemunhas n<strong>esse</strong> dia maravilhoso,<br />
peço sua mão em casamento. Sei, somente agora, que sou<br />
capaz de fazê-la feliz até que a morte nos separe.<br />
A cada momento, a confusão de Tomé crescia mais.<br />
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