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Com o ódio ocorre a mesma coisa, também ele tem sua idealização.<br />
Tanto no amor, como no ódio, gozamos a ilusão criada por nós<br />
como se ela fosse externa, pois “quem ama o feio, bonito lhe parece”,<br />
como diz o ditado popular. Ou também: “O que Pedro fala de Paulo,<br />
diz mais de Pedro que de Paulo”.<br />
Todos os homens já perceberam que as mulheres por eles cobiçadas,<br />
extremamente belas, causam menos admiração no segundo dia<br />
e menos ainda no centésimo dia. O mesmo ocorre com as observações<br />
das mulheres com respeito ao homem amado. Todos nós toleramos<br />
pouco o erro dos outros, com<strong>para</strong>dos com o que esperamos deles.<br />
Isso nos leva, devagar, às vezes muito rapidamente, a desintegrar a<br />
visão formada durante a idealização positiva.<br />
O amor vivido aos trinta, quarenta ou cinquenta anos, geralmente<br />
não tem mais o brilho, o sublime e o vigor do amor construído pela<br />
imaginação durante os dezoito anos. Quando estamos mais velhos, o<br />
amor é uma espécie de sentimento modificado e mais fraco que o do<br />
jovem. Nas mentes mais vividas a desconfiança já nasceu cedo, a realidade<br />
interna e idealizada, diferente da do jovem, já está mais perto da<br />
realidade dura, triste e frustrante.<br />
Aos dezoito anos, gozamos, na pessoa amada, cada virtude, conduta<br />
ou aspecto físico, conforme construímos <strong>esse</strong>s aspectos em nossas<br />
mentes. Assim, se damos uma grande importância à ternura, a vemos<br />
d<strong>esse</strong> modo. Se quisermos ter diante de nós uma mulher altiva, a<br />
vemos assim. Aos dezoito anos, a fria e indiferente realidade é ofuscada<br />
pelos nossos desejos, ou melhor, nossos delírios.<br />
Por trás dessa percepção alucinatória, nada contribui mais <strong>para</strong><br />
dar nascimento a um grande amor que uma aborrecida solidão e o<br />
ócio. Esses contratempos, que, às vezes, mas nem sempre, nos fazem<br />
sofrer, soam poderosos, produtores do “grande, apaixonado e arrebatador<br />
amor”. Esses estados mentais e emocionais facilitam o crescimento<br />
do grande amor.<br />
Por outro lado, uma vez destruída a idealização, podemos nos<br />
acostumar com as virtudes e os defeitos das pessoas, mas, n<strong>esse</strong> caso,<br />
sem nenhuma paixão. A alucinação é fruto das grandes paixões.<br />
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