Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
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Entusiasmadas, descobriram n<strong>esse</strong> instante uma fusão de almas,<br />
uma identidade de propósitos, um arrebatamento intenso e maravilhoso<br />
que duraria por muito tempo. Recatadas por princípio, nenhuma<br />
delas, naquele instante, se dirigiu à outra. Houve, ao contrário, um<br />
profundo silêncio próprio do início das grandes paixões.<br />
A partir dessa revelação, ainda que nenhuma tentasse encontrar<br />
a outra propositadamente, por diversas vezes elas se viam quando se<br />
cruzavam nas ruas. Sempre, quando ocorria o encontro, reapareciam<br />
as palpitações, a falta de ar e os tremores, um desejo poderoso que<br />
leva as pessoas a se ligarem, estados emocionais e corporais comuns<br />
dos encontros afetivos.<br />
As duas se fitavam disfarçadamente, pois receavam ser descobertas<br />
nessa investida proibida. Zilda olhava ternamente <strong>para</strong> Teresa<br />
com seus olhos esverdeados e brilhantes, esboçando um leve sorriso.<br />
Teresa, por outro lado, mais agressiva e ardente, deixando seus lábios<br />
entreabertos, fixava seus olhos negros apaixonados, demonstrando<br />
claramente seu encantamento e desejo. Aos poucos, as duas amigas<br />
arrumaram motivos variados <strong>para</strong> se aproximarem. As primeiras conversas<br />
surgiram sem dificuldades. Teresa fazia bolos <strong>para</strong> vender e,<br />
num d<strong>esse</strong>s encontros na farmácia do Lolão, quando comprava um<br />
absorvente, iniciou-se um diálogo, a princípio nervoso e tímido, mas<br />
pre<strong>para</strong>ndo outros mais agressivos:<br />
— Já comi um bolo que você fez. Estava ótimo. Você nem parece<br />
que trabalha tanto... Está tão jovem e bonita!<br />
Afinal, com muito custo, Zilda conseguiu iniciar a conversa que<br />
daria frutos futuros:<br />
— Ora, nem tanto... quem tá falando? Você é mais bonita e mais<br />
jovem que eu. Estou um pouco acabada... sabe? não é? ... é a vida. Faço<br />
bolos há muito tempo. Dizem que são deliciosos, retrucou Teresa, animada<br />
com a possibilidade imaginada.<br />
— Claro, o que comi estava muito gostoso.<br />
— Gostaria de fazer um <strong>para</strong> você, especial... você sabe... apareça<br />
em minha casa... estou sempre lá, o dia todo.<br />
— Irei, logo que puder. Meu dia não é de muito trabalho... sobrará<br />
um tempinho, principalmente <strong>para</strong> te ver.<br />
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