Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
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— Não faz mal! No começo é assim mesmo. Muito movimento,<br />
muita pressa das pessoas. Isso leva todos a errarem. Não se preocupe,<br />
isso acontece com todo mundo, não fique nervosa. Eu já errei muitas<br />
vezes. Fique calma.<br />
Sô Vitório, enquanto falava, procurava as palavras mais amáveis<br />
e protetoras que conhecia. Arrebatado pela proximidade perigosa daquela<br />
presença humilde e encantadora, estava dominado por um forte<br />
impulso que o forçava a aconchegá-la em seus braços. Fazendo um<br />
grande esforço, tentava segurar os impulsos que o levavam a acalentar<br />
Ana Maria. Notando os olhos dela lacrimejando, tinha vontade de<br />
chorar, abraçado à indefesa moça.<br />
Minutos depois, se recuperando, Ana Maria sorria e mostrava<br />
seus lábios carnudos e molhados <strong>para</strong> Sô Vitório. Ele pr<strong>esse</strong>ntia que<br />
estava quase perdendo o controle. Aquele sorriso, aquele cheiro delicioso<br />
que emanava dela, a possibilidade de vê-la todos os dias durante<br />
horas, de sentir sua presença, de poder aproximar-se dela, de lhe falar<br />
quando quis<strong>esse</strong>, sem ser admoestado por sua mulher, bastava: isso<br />
valia muito mais que uns centavos dados a mais num troco. Há anos<br />
ele não se sentia tão alegre e bem disposto como após a contratação<br />
de Ana Maria.<br />
Sô Vitório vivia um período de imensa felicidade. A venda de<br />
pães, na parte da tarde, cresceu mais de cem por cento. Na parte<br />
da manhã, como Ana Maria não trabalhava, os fregueses eram apenas<br />
mulheres. À noite, durante suas orações solitárias, ele agradecia a<br />
Deus aquele tempo de colheita, rezava <strong>para</strong> que <strong>esse</strong> período pud<strong>esse</strong><br />
durar eternamente e que o Todo-Poderoso jamais afastasse Ana Maria<br />
de sua presença.<br />
A bela mocinha, ingênua e ignorante em certos aspectos, era,<br />
por outro lado, altamente sagaz na difícil e complexa arte de lidar,<br />
provocar e conquistar homens. Ana Maria era capaz, com pouco ou<br />
nenhum esforço, por nascença ou intuição, fazer com que os homens<br />
que se aproximassem dela, “perd<strong>esse</strong>m a cabeça”, como estava acontecendo<br />
com Sô Vitório, apesar da suposta esperteza deles em outras<br />
atividades.<br />
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