Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O objetivo de Rachel n<strong>esse</strong> período era se exibir <strong>para</strong> o público,<br />
tornar-se uma atração, o que ela não conseguia ser nos outros dias do<br />
ano. Essa outra Rachel era cobiçada, e não rejeitada, pelos homens de<br />
Lumeeira. Recebia ainda um outro nome, o nome com que foi registrada,<br />
pois, como era sabido em Lumeeira, durante o carnaval ela era<br />
rainha, princesa ou outra personagem de destaque e de honra na festa,<br />
uma figura importante diante das outras figuras.<br />
Também durante os dias que antecediam o desfile, bem como<br />
durante este, Rachel tinha motivos e possibilidade <strong>para</strong> entrar em contato<br />
com pessoas que, nos outros dias, deviam ser evitadas, segundo<br />
sua família, por serem perigosas e estranhas. Podia ainda aproximar-se<br />
com naturalidade de pessoas que, nos outros dias, muitas vezes tentavam<br />
fugir dela.<br />
Ao combatermos uma ideia sensata, nos é fácil encontrarmos razões<br />
lógicas <strong>para</strong> contestá-la, entretanto, as ideias absurdas, esquisitas<br />
e ridículas são mais protegidas contras as críticas, pois essas são, na<br />
maioria das vezes, difíceis ou impossíveis de ser combatidas através da<br />
razão ou da lógica no combate ao ilógico e irracional. Tudo isso nos<br />
mostra que as ideias irracionais e ilógicas são menos combatidas que<br />
as lógicas e racionais, pois, no primeiro caso, nos faltam argumentos<br />
<strong>para</strong> que possamos ir contra elas. São essas ideias que confundem e<br />
desconcertam o adversário.<br />
Ora, no carnaval de Lumeeira, nascia a “Rainha de Sabá”, A “Odalisca<br />
de Marrocos”, “A Rainha da Arábia” e milhares de outros personagens.<br />
Cada uma dessas criações passava a existir conforme a ação<br />
esquisita de seu construtor, como o esquizofrênico <strong>para</strong>nóide que<br />
se julga Cristo, Napoleão ou outro qualquer personagem da história.<br />
Uma vez transformado, de pessoa comum num todo-poderoso, o seu<br />
possuidor passa a atuar como fazem até hoje as personagens míticas,<br />
que durante séculos têm atuado sobre todos nós como exemplos ou<br />
contra-exemplos. Alguns dão a própria vida por essas ideias. Sempre<br />
seres que não têm mais realidade que a “Rainha de Sabá”, inspiraram<br />
nos povos o ódio e o amor, o terror e a esperança, aconselharam crimes,<br />
receberam oferendas, fizeram os costumes e as leis.<br />
-64-