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Muito cedo, ainda com vinte e três anos, recebeu do médico do<br />

posto de saúde um temível diagnóstico: ela tinha um câncer no estômago.<br />

Sem se importar, acostumada ao sofrimento, Marta só procurou<br />

ajuda algum tempo depois do diagnóstico inicial. Já era tarde demais,<br />

o câncer havia desenvolvido metástases por todo seu debilitado<br />

organismo. Nos últimos dias, o seu corpo inchado expelia um líquido<br />

branco amarelado que manchava o lençol branco do seu leito Mesmo<br />

n<strong>esse</strong> estado e sabendo com antecedência a certeza de que morreria<br />

em pouco tempo, <strong>para</strong> alegrar a família e as poucas visitas que recebia,<br />

comentava com seu sorriso triste e sua voz muito fraca:<br />

— Deus irá ajudar-me. Conversei com ele. Para curar-me, devo fazer<br />

sacrifícios. Como estou acamada e não consigo levantar-me, devo evitar<br />

todos os prazeres possíveis. O amor divino é imenso. Assim deixei de<br />

ver TV, de ouvir rádio e comer chocolate, justamente as três coisas que<br />

mais adoro fazer. Deus, que está-me ouvindo, irá me ajudar e me salvar.<br />

Não sei se Deus a salvou, ou não, não consigo aprofundar tanto<br />

assim, sei que Marta morreu em paz poucos dias após iniciar a penitência<br />

no seu quarto escuro e mofado. Durante seu velório e enterro<br />

poucos foram os habitantes da cidade que gastaram seu tempo <strong>para</strong><br />

se despedir de Marta. Ela não era ninguém naquela cidade, pouco<br />

representava, pois, na ocasião de sua morte, seu pai ainda não era o<br />

rico proprietário de terras e nem prefeito da cidade, era apenas um<br />

pobre sanfoneiro.<br />

Ester foi mais uma das que se salvou milagrosamente das tentativas<br />

de aborto. Nasceu razoavelmente sadia, sendo a mais clara<br />

das irmãs. Foi escolhida, desde cedo, <strong>para</strong> carregar a família em seus<br />

ombros: era a cozinheira, arrumadeira, lavadeira, enfermeira e fazia<br />

tudo quanto era trabalho braçal <strong>para</strong> cuidar de todos. Cheia de fé e<br />

entusiasmo, aceitava tudo como uma prova vinda do alto e, por isso,<br />

nunca reclamou. Realizava com alegria e esperança o serviço exigido,<br />

ordenado pelos pais a mando divino. Durante o trabalho cansativo<br />

e monótono, <strong>para</strong> se distrair, Ester cantava velhas canções da igreja,<br />

frequentemente entoava versos onde eram descritas as subidas das<br />

almas ao céu.<br />

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