Tradução de Jorge Colaço - Saída de Emergência
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O Senhor Fre<strong>de</strong>rick Penca Grossa. Ardia por dar uma tareia naquele fi lho<br />
da mãe gorduroso. Mas não era assim que as coisas se passavam por ali. Se<br />
Peck fosse maioral num rancho, já teria mordido o pó havia muito tempo.<br />
Peck abriu uma porta com o letreiro sala <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>oconferência ii<br />
e mandou-o entrar com um gesto. Foi só quando Carson olhou em redor<br />
da gran<strong>de</strong> mesa vazia que percebeu que ainda estava com a bata suja do<br />
laboratório vestida.<br />
— Sente-se — disse Peck.<br />
— On<strong>de</strong> estão os outros? — perguntou Carson.<br />
— É só você — retorquiu Peck. Começou a retroce<strong>de</strong>r em direção à<br />
porta.<br />
— Não vai fi car? — Carson sentiu uma crescente incerteza, perguntando-se<br />
se per<strong>de</strong>ra alguma mensagem importante por e-mail, se <strong>de</strong>veria<br />
ter preparado alguma coisa. — De que se trata, <strong>de</strong> qualquer modo?<br />
— Não faço i<strong>de</strong>ia — retorquiu Peck. — Carson, quando isto aqui tiver<br />
terminado, vá diretamente ao meu escritório. Precisamos <strong>de</strong> falar sobre<br />
a sua atitu<strong>de</strong>.<br />
A porta fechou-se com um sólido clique <strong>de</strong> aço a encaixar-se na ma<strong>de</strong>ira<br />
<strong>de</strong> carvalho.<br />
Carson ocupou cuidadosamente um lugar à mesa <strong>de</strong> cerejeira e<br />
olhou em volta. Era uma bela sala, com acabamentos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira clara envernizada.<br />
Uma pare<strong>de</strong> envidraçada dava para os prados e lagos do complexo<br />
da GeneDyne. Para além <strong>de</strong>le, estendia-se um infi nito lixo urbano.<br />
Carson tentou recompor-se para enfrentar a provação que estava para vir.<br />
Provavelmente, Peck enviara apreciações negativas sufi cientes para merecerem<br />
uma admoestação solene do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> pessoal, ou pior.<br />
De certo modo, supunha ele, Peck tinha razão: a sua atitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria<br />
certamente ser melhorada. Tinha <strong>de</strong> se ver livre daquele lado <strong>de</strong> duro<br />
teimoso que acabou com o seu pai. Carson nunca se esqueceria daquele<br />
dia no rancho em que o seu pai esmurrara um banqueiro <strong>de</strong> surpresa. Esse<br />
inci<strong>de</strong>nte fora o início dos trabalhos <strong>de</strong> encerramento. O seu pai fora o pior<br />
inimigo <strong>de</strong> si próprio, e Carson estava <strong>de</strong>terminado a não repetir os seus<br />
erros. Havia uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pecks no mundo.<br />
Mas era uma maldita vergonha a forma como o último ano e meta<strong>de</strong><br />
da sua vida tinham praticamente <strong>de</strong>saparecido pelo cano abaixo. No<br />
momento em que lhe propuseram emprego na GeneDyne, parecera o<br />
gran<strong>de</strong> momento da sua vida, a única coisa pela qual saíra <strong>de</strong> casa e pela<br />
qual trabalhara tão duramente. E ainda, mais do que qualquer outra coisa,<br />
a GeneDyne afi gurava-se-lhe como o lugar on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong>ria realmente fazer<br />
a diferença, talvez fazer alguma coisa importante. Mas cada dia em que<br />
acordava naquela odiosa Jersey — para enfrentar o apartamento limitado e<br />
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